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Por preço, Amazônia e Bahia travam batalha do guaraná

FSP, Mercado, p. 7
17 de Mai de 2015

Por preço, Amazônia e Bahia travam batalha do guaraná
Baianos superam produção do Norte e criam marca para valorizar produto
No Amazonas, cidade que mantém prática artesanal e obtém preços maiores pede selo de qualidade a governo

LUCAS REIS DE SÃO PAULO

Símbolo da Amazônia, é em terras baianas que o guaraná registra sua a maior produção nacional. Levada do Amazonas para a Bahia nos anos 1970, adaptou-se perfeitamente ao solo fértil e à temperatura noturna amena da região, dando produções mais rentáveis por hectare.
Mas, embora o sul da Bahia produza três vezes mais que toda a região Norte, no preço a Amazônia inverte a vantagem. O quilo do fruto amazônico custa quase três vezes mais que o baiano.
Para tentar virar esse jogo, produtores baianos criaram a marca "Guaraná da Mata Atlântica", para competir com o "Guaraná da Amazônia", preferido por indústrias de refrigerantes, farmacêuticas e importadores do extrato.
Os amazonenses, de seu lado, pediram o registro de Indicação Geográfica do Ministério da Agricultura.
O MAIOR, O MELHOR
Nessa disputa, duas cidades simbolizam os polos opostos. No Amazonas, Maués (a 276 km de Manaus) é conhecida como a terra do guaraná e abriga uma unidade da Antarctica desde 1963.
Do lado baiano, Taperoá (a 165 km de Salvador) quer tomar esse título para si, já que, em quantidade, tornou-se a maior produtora mundial há mais de uma década.
"Não podemos tirar o mérito da origem do produto, mas eles não têm nossa qualidade e quantidade", afirma Gerval Teófilo, secretário-executivo da Cadeia Produtiva do Guaraná da Bahia.
Em 2011, Taperoá, que tem o guaraná como principal produto e produz cerca de um terço do fruto baiano, exportou R$ 145 mil. Três anos depois, foram R$ 14 milhões.
A Bahia responde hoje por 72,3% da produção nacional, ante 21,3% do Amazonas (Acre, Pará e Mato Grosso totalizam os 6,4% restantes).
A safra de Maués começou a encolher há uma década, por falta de preparo dos produtores e pelas pragas, diz Bruno Negreiros, secretário municipal de Produção.
Ele argumenta que o custo na região é mais alto porque a confecção é artesanal, com limpeza manual, e a secagem é em fornos, enquanto na Bahia ocorre ao sol. Além disso, as leis ambientais impedem a expansão do cultivo.
Mas, segundo Negreiros, o foco é em qualidade, e não em quantidade: "Podemos não ser os maiores produtores, mas somos os melhores".
ORIGEM DISCRETA
Enquanto isso, no mercado os baianos ganham terreno. José Alves dos Santos, presidente de uma cooperativa que produz 120 toneladas anuais em Valença (BA), vende quase um terço da produção para a Ambev, dona da marca Antarctica. Segundo ele, a indústria pede "discrição", porque quer manter seu produto identificado com o guaraná amazônico.
A fabricante, em nota, afirma que "apenas em momentos pontuais de eventual desabastecimento compra o guaraná produzido em regiões fora da Amazônia".
A companhia diz ainda que, por questões estratégicas, não abre informações sobre a quantidade de guaraná que compra de cada Estado.
Segundo a Embrapa, o guaraná amazônico tem mais cafeína, mas não há diferença de sabor no extrato utilizado em refrigerantes.
Já o produto em pó, por causa do processo de secagem, tem sabor diferente.

FSP, 17/05/2015, Mercado, p. 7

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/219572-por-preco-amazonia-e-ba…

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