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Políticos de MT acusados de acobertar madeireiras

Folha do Estado- Cuiabá-MT
17 de Set de 2002

O deputado federal Ricarte de Freitas (PSDB) e os senadores Antero Paes de Barros (PSDB), Carlos Gomes Bezerra (PMDB) e Jonas Pinheiro (PFL) são colocados sob suspeita de dar cobertura nas ações de extração ilegal de mogno (madeira nobre de tom avermelhado ameaçada de extinção) no norte de Mato Grosso. A suspeita é levantada em reportagem publicada pela revista "Veja" desta de semana.

A reportagem, assinada pelo jornalista Policarpo Junior, denuncia que os representantes do Estado no Congresso Nacional já estiveram no Ibama negociando redução nos valores das multas por extração ilegal. A extração de mogno está proibida por lei desde 1996.

A revista aponta o empresário Osmar Queiroz como um dos maiores madeireiros de Mato Grosso e responsável pela extração ilegal de mogno nas terras dos índios Cinta-Larga, no norte do Estado. Na reportagem, ela relaciona o madeireiro com o deputado federal Ricarte de Freitas, do PSDB, que o teria socorrido após o lacre de sua serraria, localizada no município de Juína, e receber multa de R$ 7 milhões. Em telefonema ouvido pela Polícia Federal, de acordo com a reportagem da "Veja", o madeireiro teria pedido auxílio ao parlamentar para livrar-se do cerco. O deputado teria prometido ajudá-lo lembrando que já havia feito o mesmo em outras vezes.

A matéria publicada na edição do último final de semana denuncia ainda que o mesmo deputado e os senadores Antero Paes de Barros (PSDB), Carlos Gomes Bezerra (PMDB) e Jonas Pinheiro (PFL) já estiveram no Ibama do Estado negociando mudança nos valores das multas por extração ilegal da madeira nobre. Em seguida esclarece que o atual gerente do órgão em Mato Grosso, Leôncio Pinheiro, é irmão do senador Jonas Pinheiro. O antecessor, Nivaldo Bezerra, é primo do senador Carlos Bezerra.

A revista ouviu o procurador da República em Mato Grosso, José Pedro Taques, que acusa os funcionários do Ibama de avalizar os feitos. A investigação sobre o caso teria descoberto que os funcionários do órgão recebiam mesadas dos madeireiros. "Tudo é feito com aval de funcionários do Ibama", assegura Taques.

O Ministério Público Federal abriu duas frentes de investigação - Mato Grosso e Amazonas. A principal equipe está sediada em Cuiabá.

A denúncia de cobertura ao esquema de extração ilegal do mogno coloca os quatro parlamentares numa situação delicada, nessa reta final da campanha eleitoral rumo ao pleito de 6 de outubro. Ricarte, Jonas e Bezerra disputam a reeleição, enquanto Antero busca o governo do Estado. Paes de Barros aparece em queda nas pesquisas sobre tendência do eleitorado, realizadas por institutos como o Ibope.

O gerente do Ibama em Mato Grosso, Leôncio Pinheiro, não foi localizado ontem à tarde, por telefone.

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