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Políticas públicas voltadas para o Município de São Gabriel da Cachoeira/AM

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br/
Autor: Elaíze Farias
05 de Abr de 2011

Desde a morte do filho, em São Gabriel da Cachoeira, deputado federal vem trabalhando para trazer melhorias para a cidade

Um jovem advogado que nunca havia pisado na Amazônia, um dia deixa o conforto de casa, o aconchego da família e dos amigos e as baladas de finais de semana para contribuir no atendimento às (inúmeras) necessidades das populações indígenas no extremo norte do País.

Esta história de engajamento protagonizada pelo paulista Pedro Yamaguchi Ferreira, 27 anos, e que bem poderia inspirar um roteiro de filme, aconteceu entre março e junho de 2010, em São Gabriel da Cachoeira (AM).

A morte prematura pode ter interrompido o comprometimento de Pedro com as populações indígenas de SGC, mas ajudou a constituir uma iniciativa inédita para aquele município: a criação de uma comissão interinstitucional do poder público federal para efetivar políticas públicas, das mais emergenciais às de longo prazo.

Na última sexta-feira, dia 1, uma grande comitiva do governo federal, liderada pelo pai de Pedro, o deputado federal Paulo Teixeira (PT), aterrissou em São Gabriel da Cachoeira para planejar respostas às demandas mais imediatas das populações indígenas.

Dramas em diário
A principal inspiração são os relatos que tão nitidamente Pedro descreveu no diário que manteve no tempo em que morou na Amazônia: falta de oportunidade à juventude, jovens envolvidos com álcool e drogas, irregularidades no fornecimento de água e de luz, falta de segurança pública, tráfico de drogas, atendimento precário à saúde, ausência de um sistema de atendimento jurídico às populações mais carentes, incluindo a falta de um defensor público.

Junto com Paulo Teixeira, estavam representantes da Secretaria Geral da Presidência da República e de diversos ministérios e órgãos vinculados às eles.

Entre eles, ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Saúde, da Educação, do Trabalho e da Justiça, além de dois parlamentares amazonenses, o deputado federal Francisco Praciano e o deputado estadual José Ricardo, ambos do PT.

"Essa comitiva veio para construir, junto com a população, planejamento de políticas públicas a partir de um fórum de negociação política por meio de arranjos interinstitucionais. Depois desta primeira reunião, teremos outros encontros. Queremos que os próprios ministros e não apenas os representantes venham aqui em São Gabriel. Em junho teremos uma próxima reunião para acompanhar o andamento dos encaminhamentos", explicou Paulo Teixeira.

A partir dos debates com diretores de instituições, incluindo o comando do Exército, e lideranças indígenas, a comitiva elencou como principais demandas locais a regularização do fornecimento de água e luz, segurança à população e acesso à justiça, programas de segurança alimentar, regularização do atendimento à saúde indígena e programas destinados aos adolescentes e jovens.

O secretário nacional de articulação social, Paulo Roberto Maldos, explicou que a ida deste fórum teve o objetivo de fazer um diagnóstico das dificuldades que São Gabriel da Cachoeira está tendo para aplicar políticas públicas, muitas das quais já elaboradas há muito e que não foram colocadas em prática.

Momento de lembranças
Depois que esteve em São Gabriel da Cachoeira, no dia 4 de junho de 2010, para deslocar o corpo do filho até São Paulo, Paulo Teixeira voltou outras três vezes ao município - a última, no dia 1 abril de 2011.

Desta vez, ele visitou o local onde Pedro foi visto pela última vez, minutos antes de ser levado pela correnteza, acompanhado do bispo do município, Pe. Edson Damian, responsável pela ida do rapaz para a Pastoral Indigenista, e jogou um buquê de flores nas águas do rio Negro.

Com voz serena, Paulo Teixeira relatou à reportagem do jornal A CRITICA a rotina do filho em São Gabriel da Cachoeira e de como o rapaz ia se transformando e amadurecendo a cada dia, ao acompanhar os incontáveis e variados problemas vividos pelas populações indígenas.

Missionário leigo que havia trabalhado na Pastoral Carcerária em São Paulo, ele tinha chegado três meses antes para trabalhar na Pastoral Indígena de São Gabriel da Cachoeira.

No dia 1 de junho, minutos antes do almoço, depois de uma manhã atarefada, foi relaxar um pouco à beira do rio Negro. Mas, ao pisar numa das pedras à margem, a forte correnteza do rio Negro carregou Pedro.

Seu corpo foi encontrado dois depois. Pedro chegou a São Gabriel da Cachoeira como um típico jovem encantado com a Amazônia, ainda desconhecendo direito os problemas que iria enfrentar. O primeiro contato com os jovens do município foi pelo futebol.

Bom de bola, ele acabou entrando para um time local. Mas para além da diversão, Pedro se deparou com "uma dura realidade", lembra o pai.

Experiência será publicada
Pedro Yamaguchi Ferreira deixou um diário de quase 200 páginas, segundo seu pai, Paulo Teixeira.

O deputado federal planeja publicar o diário, mas ainda não tem data para isto. Por enquanto, ele sugere que pessoas interessadas entrem no site dedicado ao filho, www.omissionariopedro.wordpress.com.

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