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Policias investigam assassinato de Apoena

JB, Pais, p.A4
11 de Out de 2004

Polícias investigam assassinato de Apoena
O sertanista Apoena Meireles foi assassinado na noite de sábado, por volta de 21h30, ao sair de uma agência do Banco do Brasil de Porto Velho (RO). As investigações da polícia devem determinar se o crime foi um latrocínio ou se a morte foi encomendada. Meireles, de 55 anos, estava em uma missão para comunicar aos índios cintas-largas a decisão do governo federal de fechar o garimpo em suas terras e de buscar entendimentos sobre uma nova legislação para a mineração na região. A área de Rondônia ocupada pelos índios é rica em minerais como cassiterita, ouro e diamante.
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, lamentou o crime
- Isso abalou a todos nós, que trabalhamos com ele. A Funai não consegue entender o que aconteceu. Talvez ele fosse o mais antigo de todos os funcionários - lembra.
De acordo com o assessor da Funai, Vitorino Nascimento, uma funcionária da fundação estava com o sertanista e presenciou o assassinato. Ela disse que um rapaz, aparentando ter 18 anos de idade, se aproximou dos dois no caixa eletrônico e anunciou o assalto. Apoena teria colocado o dinheiro na carteira e, ao dar um passo na direção do assaltante, recebeu um tiro no peito.
Em seguida, o rapaz fugiu. Mas Apoena correu atrás do criminoso e houve um segundo disparo, mas não acertou o sertanista, que continuou a perseguição. O assaltante então deu um terceiro tiro, atingindo Apoena no abdômen. O sertanista morreu antes de chegar ao hospital.
- Nós recebemos essa notícia com muita tristeza e revolta. Apoena era muito querido em todo o estado, porque ele e o pai (Francisco Meireles) foram dois desbravadores da região. Para os índios é uma perda muito dolorosa - ressaltou Vitorino.
O assessor da Funai afirmou que a polícia já fez um retrato falado do assaltante e, junto com a Polícia Federal, está à procura do assassino. As câmeras de vídeo internas do banco serão utilizadas para descobrir a identidade do criminoso, que fugiu de bicicleta. O diretor da Polícia Civil do Estado de Rondônia, Carlos Eduardo Ferreira, acredita que o assassinato do sertanista foi mesmo um crime de latrocínio.
- Seria uma pessoa que tentou realizar um assalto e não foi bem sucedida. A reação não esperada de Apoena acabou fazendo com que o criminoso disparasse o revólver.
Para o diretor da Polícia Civil, a fuga de bicicleta também pode ser uma pista de que não foi uma morte sob encomenda. Segundo ele, um assassinato planejado contaria com um processo de fuga mais elaborado. Dez equipes de policiais civis, militares e federais estão trabalhando nas investigações. De acordo com a testemunha, o homem que matou o sertanista era branco, tinha cabelos curtos e usava boné e óculos de grau.
O corpo de Meireles foi levado para a sede da Funai, em Brasília, onde será realizada uma homenagem. Hoje pela manhã, segue para o Rio de Janeiro, onde deve ser enterrado na terça-feira. A mãe, dois do quatro filhos e a mulher do sertanista moram na cidade.

JB, 11/10/2004, p. A14

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