Polícia Federal investiga sumiço de avião

Continua o mistério sobre o desaparecimento de um avião monomotor que teria caído enquanto sobrevoava a terra indígena Yanomami, a noroeste de Roraima. Até agora, toda informação referente ao caso, inclusive pelas autoridades, é extraoficial. Ninguém oficializou o sumiço da aeronave, mas a Polícia Federal (PF) está investigando o caso.

O monomotor, com capacidade para seis passageiros, seria particular e de prefixo DLJ. O piloto, de 45 anos, teria partido do Cantá, no início da semana, em direção ao garimpo do Valdo, na reserva, a 230 quilômetros de Boa Vista (uma hora e dez minutos de voo).

O acidente teria ocorrido dentro do território Yanomami, que corresponde a uma área de 9,2 milhões de hectares. Ele estaria sozinho e transportando material para garimpo. Informações apontam que ele foi socorrido, embora não conste registro de internação no Hospital Geral de Roraima (HGR).

O piloto é funcionário de uma empresa de transporte aéreo de Boa Vista que presta serviço na terra Yanomami. Ele estava de férias e deveria ter voltado ao trabalho na terça-feira, 18.

Como o acidente teria ocorrido durante as férias e em avião particular, a empresa não pode se pronunciar sobre o assunto. Um familiar dele esteve na empresa e entregou um atestado médico para justificar as faltas.

Ele não atende aos telefonemas da empresa nem foi encontrado em casa pelos funcionários. A reportagem igualmente tentou contatá-lo por telefone, mas o celular informado está desligado. O telefone residencial chama e ninguém atende. Ele também não foi encontrado em casa pela equipe da Folha.

AUTORIDADES - O Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo 4 (Cindacta 4), sediado em Manaus (AM), disse à Folha que não pode se pronunciar sobre o assunto, uma vez que o oficial responsável em atender a imprensa está viajando.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que sua atuação depende de um comunicado oficial sobre o caso, o que não ocorreu. Já a Polícia Federal solicitou informações da Base Aérea de Boa Vista.

É consenso entre as autoridades que se a aeronave desapareceu, estava irregular, pois não consta plano de voo perante os órgãos que monitoram o espaço aéreo. Não houve comunicado oficial nem pedido de socorro. Isto costuma acontecer em voos que transportam ilícitos, dentro do Espaço Aéreo Não-Controlado, segundo explicam as autoridades.

ESPAÇO AÉREO - Apesar de todo o aparato para controlar o espaço aéreo brasileiro, existe o Espaço Aéreo Não-Controlado, cuja limitação vai do solo até mil metros de altitude. Nessa área, a navegação é de total controle do piloto, que opera no modo visual. Há quem opere dessa maneira para cometer atos ilícitos, como os garimpeiros. Como não são percebidas pelos radares, as aeronaves podem transportar drogas e outros ilícitos, sobrevoando baixo e próximo aos leitos dos rios.