VOLTAR

Polícia evita contrabando de minérios

Jornal do Brasil -Rio de Janeiro - RJ
Autor: Orlando Farias
10 de Abr de 2001

Ametista e tantalita foram extraídas sem autorização de reserva indígena

A Polícia Federal apreendeu ontem, em Manaus, sete toneladas de ametista e 300 quilos de tantalita, retirados ilegalmente da reserva dos índios tucanos, na fronteira do Brasil com a Colômbia, a 1.100 quilômetros de Manaus, no Alto Rio Negro. Os índios não tinham autorização para explorar os minérios em suas terras - atividade que cabe exclusivamente à União. O carregamento foi apreendido a bordo do barco de passageiros Tanaka, que está retido no porto de São Raimundo, na capital amazonense.
Segundo o diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Fernando Burgos, a tantalita é um minério estratégico, e contém pequena taxa de radioatividade (principalmente urânio e tório). Todo o carregamento era destinado à cidade mineira de Governador Valadares (MG). A polícia suspeita que, de Minas, o material seria contrabandeado para o exterior, provavelmente, aos Estados Unidos.
A ametista e a tantalita foram retiradas pelos próprios tucanos do Rio Tiquié. A extração teria sido patrocinada pela Cooperíndio - uma organização não-governamental, estruturada pelos índios, para explorar os abundantes minérios que possuem em sua área. A polícia encontrou o minério em poder de Adi Nagel Júnior, que se diz vice-presidente da cooperativa.
As notas fiscais apresentadas por ele - que seriam usadas para despachar a mercadoria - revelam preços irrisórios. Os 300 quilos de tantalita foram declarados com o preço de R$ 4,5 mil. Segundo Samuel Hanan, vice-governador do Amazonas e ex-diretor da empresa Taboca, que controla a maior mina de tantalita do Brasil, localizada em Presidente Figueiredo, também no Amazonas, um único quilo do minério no mercado mundial custa US$ 100.
Pelo fato de ter uma alta condutividade, o material é muito usado nas telecomunicações, inclusive em aparelhos celulares. ''Pelo que sabemos, a tantalita tem baixo teor de radioatividade e, em princípio, não causa problemas à saúde das pessoas que tenham contato com o material'', destaca o vice-governador.
Adi Nagel Júnior foi preso em flagrante com mais cinco ajudantes. Todos foram liberados após pagamento de fiança. O minerador disse à Agência JB que a tantalita não era sua. ''Ela foi embarcada por um tal Nicolau, em São Gabriel da Cachoeira'', esquivou-se.
Todo o material vai ser entregue ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que passará a ser fiel depositário dos minérios.
O novo Estatuto do Índio, que tramita no Congresso Nacional, propõe critérios menos rígidos na exploração de recursos minerais, gás natural e petróleo nas áreas indígenas. O principal motivo para a decisão é que, segundo os levantamentos geológicos coordenados pelo ministério das Minas e Energia, cerca de 70% das reservas de minério do Brasil (que valeriam mais de R$ 1 trilhão) estão nas terras das comunidades nativas.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.