VOLTAR

Polícia acaba com bloqueio de índios

O Globo, O País, p. 13
30 de Mai de 2005

Polícia acaba com bloqueio de índios

Raimundo Garrone

Uma operação conjunta de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Civil conseguiu desbloquear ontem às 13h a BR 226 entre as cidades de Barra do Corda e Grajaú, no interior do Maranhão, interditada desde a madrugada de sábado pelos índios guajajaras em represália à prisão de dois índios suspeitos de participar de 15 assaltos a ônibus entre os dias 24 e 26 passados.
O delegado regional da cidade de Barra do Corda (MA), Luís Jorge Santos Matos, disse que não chegou a haver qualquer tipo de negociação, mas mesmo assim a retirada dos índios foi pacifica.
- Quando eles viram o nosso efetivo, foram logo se retirando - contou.
Cinqüenta homens participaram da operação, que teve o apoio do Grupo Tático Aéreo. A polícia apreendeu várias armas caseiras e uma pequena quantidade de maconha. Os índios suspeitos de assaltar ônibus continuam presos na delegacia de Barra do Corda. A BR 226 corta 13 quilômetros da reserva indígena Canabrava, uma área demarcada de 150 mil hectares, e é o corredor rodoviário da soja que vai para o porto de Itaqui, em São Luís.
Durante a interdição, segundo denúncias de caminhoneiros à polícia, os índios estavam pintados e armados de revólveres, pistolas e escopetas, e exigiam dinheiro para poder liberar os caminhões detidos. Cícero Ferreira da Silva disse que os índios lhe roubaram R$ 250 e exigiram mais R$ 50 para liberá-lo. Nenhuma dessas armas foi encontrada em poder dos índios no momento do desbloqueio da estrada.

Índios reagiram a assassinato de companheiro

A equipe conjunta da polícia vai permanecer na região, onde o clima é considerado tenso depois da reação dos nativos ao assassinato a bala do índio João Guajajara, ocorrido no dia 21. Eles queimaram uma ponte e invadiram fazendas e carvoarias no povoado de Nazaré, onde mora a família Alves, acusada do crime. O pai, João Alves foi preso em flagrante, mas seus dois filhos, apontados como autores dos disparos, estão foragidos.
A tensão aumentou quando os índios passaram a assaltar ônibus na região. Segundo a polícia, eles colocavam pedras sobre lombadas, forçando os ônibus a parar e, armados de revólveres e escopetas, levavam dinheiro, jóias e celulares dos passageiros. O prefeito de Grajaú, Mercial Arruda (PFL), já pediu mais reforço policial por temer derramamento de sangue.
As reservas indígenas no Maranhão são marcadas pela disputa de terra e pelo envolvimento dos índios com o tráfico de maconha. No ano passado, numa operação da polícia na reserva Araribóia, foram localizadas 28 áreas de plantio e um milhão de pés de maconha foram incinerados.

O Globo, 30/05/2005, O País, p. 13

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.