O Globo, Rio, p. 18
21 de Set de 2010
Plantas para garantir abastecimento de água
Replantio de 150 mil mudas hoje no estado marcam Dia da Árvore; Cedae quer entrar no livro dos recordes
Cláudio Motta
Recuperar áreas de nascente e margens de rios, sobretudo bacias hidrográficas nas quais há a captação de água, são as prioridades dos programas de reflorestamento. A meta é ter 24 milhões de mudas plantadas até 2016 por prefeituras, estado, empresas e ONGs. Hoje, Dia da Árvore, 150 mil mudas nativas da Mata Atlântica serão plantadas no Estado do Rio. Somente a Cedae será responsável por um terço do número e espera entrar para o livro dos recordes como responsável pelo maior reflorestamento em 24 horas.
- As prioridades são as áreas de nascente, mananciais e a faixa marginal de proteção dos rios. Em médio prazo, esperamos mais abundância e melhoria da qualidade da água. À medida que a vegetação está recuperada, passa a filtrar de certa forma a água superficial e a reter parte dos sedimentos e da poluição - diz a secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, lembrando que o estado se comprometeu a ampliar sua cobertura de Mata Atlântica de 20% para 28% até 2040.
Somente a Bacia do Rio Guandu, que abastece de água cerca de 80% da Região Metropolitana, deve receber quase R$ 5 milhões de investimento em ações de reflorestamento. Quase nada sairá dos cofres públicos, de acordo com Marilene Ramos. O estado converte compensações ambientais e multas, além de coordenar ações voluntárias:
- O dinheiro do estado é usado em obras, sobretudo em saneamento. Queremos sair de 30% do esgoto tratado, para 80% em dez anos. O volume de esgoto é muito grande, até mesmo no próprio Guandu. Encontramos rios transformados em valões de esgoto.
Para Maurício Ruiz, secretárioexecutivo da ONG Instituto Terra de Preservação Ambiental, que promove o Dia do Clima (Dia C), 50 organizações, governos, ONGs e empresas, vão participar hoje das atividades de replantio no estado.
Ano passado, foram plantadas cem mil mudas:
- O Dia da Árvore estava apagado, mas nós o colocamos na agenda do estado.
Prefeitura alega que o tempo não está bom para plantio
A prefeitura do Rio, por outro lado, decidiu não participar, por considerar que o tempo não é o ideal para o plantio. Em nota, a secretaria municipal de Meio Ambiente informa que 60 mil covas estão abertas em diversas áreas de reflorestamento para receber as mudas. Porém, os técnicos da Secretaria optaram por não fazer o plantio devido à falta de chuvas, para que as mudas não sejam perdidas.
A Cedae afirma que irrigará as áreas em que houver necessidade. E que treinou as pessoas responsáveis pelo plantio. A recuperação da vegetação das margens dos rios também diminuirá, em médio prazo, os custos de tratamento da água que é distribuída pela empresa.
- Nunca houve reflorestamento de 50 mil mudas num dia. Mais do que fazer um recorde, é importante marcar o Dia da Árvore. Desde 2007, plantamos um milhão de mudas. Até 2012, serão mais dois milhões - disse o presidente da empresa, Wagner Victer.
Além de plantar, é preciso acompanhar as mudas. De acordo com Márcia Hirota, diretora de gestão do conhecimento da ONG SOS Mata Atlântica, quem não tem condições de irrigar a terra deve evitar o plantio em tempo muito seco:
- A sociedade precisa entender a importância da árvore para a vida. A floresta protege as nascentes, que nos dão água em qualidade e quantidade. Não é a árvore bonitinha, mas a matéria prima para remédio, fonte de alimentos, elo fundamental da cadeia de fauna e para a nossa sadia qualidade de vida.
O Globo, 21/09/2010, Rio, p. 18
As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.