VOLTAR

Plano para rodízio prevê 5 milhões sem água em SP

FSP, Cotidiano, p. C1
12 de Fev de 2015

Plano para rodízio prevê 5 milhões sem água em SP
Esse é o total de moradores 100% dependentes do sistema Cantareira
Sabesp usará água do Guarapiranga e do Alto Tietê para abastecer bairros hoje atendidos apenas pelo Cantareira

FABRÍCIO LOBEL GUSTAVO URIBE DE SÃO PAULO

Ao menos 5 milhões de pessoas ficarão com as torneiras secas, caso o governo paulista implemente um eventual rodízio de água apenas na área atendida exclusivamente pelo sistema Cantareira.

Esse moradores estão em regiões da Grande SP, em especial da zona norte da capital, que, mesmo com o avanço de obras da Sabesp, não poderão ser socorridas pela água de outros mananciais, como o Guarapiranga e o Alto Tietê.

Um rodízio imediato perdeu força com as chuvas de fevereiro, como a Folha mostrou nesta quarta (11), mas o governo já iniciou obras para se preparar para a eventual adoção da medida, como ligar adutoras direto a hospitais.

Um dos planos na mesa do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é adotar um rodízio apenas na área dependente do Cantareira, já que os outros cinco sistemas da Grande SP não estão tão próximos de um colapso completo.

Nos últimos meses, com o agravamento da crise hídrica na região metropolitana, a Sabesp conseguiu reduzir o total de "clientes exclusivos" do Cantareira de 9 milhões para os atuais 6,2 milhões.

Isso ocorreu com o avanço de água de outros mananciais para a região atendida pelo sistema. Por exemplo: moradores do extremo leste de São Paulo, antes abastecidos pelo Cantareira, passaram a receber água do Alto Tietê.

Esse tipo de operação reduziu a demanda do Cantareira, o principal sistema da Grande São Paulo e hoje aquele com a situação mais crítica.

Agora, neste ano, a Sabesp acredita que possa reduzir ainda mais a demanda do sistema. Mesmo assim, cerca de 5 milhões de pessoas seguiriam com suas torneiras 100% dependentes do Cantareira.

E é esse grupo de moradores, principalmente na zona norte da capital, que pode ser afetado num eventual rodízio.

No bairro de Perus, por exemplo, a cabeleireira Rosemeire da Conceição, 42, afirma que, mesmo sem a definição de rodízio, a população já convive com torneira seca.

Segundo ela, o bairro enfrenta desde o final do ano passado intervalos de dois dias com água e um dia sem.

"A gente já passa por um rodízio. Agora, por exemplo, não tem água na torneira."

Com a falta de água, ela tem adotado estratégias de economia em seu salão de beleza. A água usada para amolecer a cutícula das mãos e dos pés de suas clientes é reaproveitada para lavar o chão.

"Algumas clientes têm vindo com o cabelo lavado para evitar gastos", afirmou.

'JOGO DE XADREZ'

Para reduzir a área hoje dependente do Cantareira, técnicos da Sabesp falam em basicamente um "jogo de xadrez", que envolve remanejamento de água entre adutoras dos mananciais para que as "sobras" possam ser empurradas para áreas do sistema.

O primeiro passo é fazer com que o Alto Tietê passe a atender quase toda a zona leste de São Paulo e parte de Guarulhos, passando ainda pela Vila Maria, na zona norte.

Outro ponto é conseguir que o sistema Rio Claro, que hoje abastece parte do ABC e da zona leste, avance sobre os bairros da Mooca (zona leste) e do Brás (no centro).

A última etapa desse projeto é fazer o sistema Guarapiranga, na zona sul, alcançar o centro da cidade. Para isso, ele teria que ser ajudado com água do sistema Rio Grande.

Quanto mais essas manobras avançam, mais cai a força da água, já que a origem (os reservatórios da Sabesp) está cada vez mais longe do destino (as residências).

FSP, 12/02/2015, Cotidiano, p. C1

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/207947-plano-para-rodizio-pr…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.