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Piora qualidade da água em SP e 18% da captação exige tratamento especial

OESP, Metrópole, p. A18
08 de Mai de 2014

Piora qualidade da água em SP e 18% da captação exige tratamento especial
Segundo levantamento divulgado anualmente pelo Estado, houve uma redução de 23% nos pontos de captação que apresentavam índice de qualidade da água considerada ótima ou boa, chegando a 47% dos postos de monitoramento

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A quantidade de pontos de captação de água de qualidade ruim ou péssima para o abastecimento público subiu 50% em rios e reservatórios paulistas no ano passado. Relatório divulgado nesta quarta-feira, 7, pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) revela que em 18% dos 76 postos de monitoramento no Estado a água apresentava índices elevados de substâncias tóxicas, exigindo um tratamento especial antes do consumo humano. Em 2012, a reprovação atingia 12% da rede.
Segundo o levantamento, que é divulgado anualmente pelo órgão ligado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, houve uma redução de 23% nos pontos de captação que apresentavam índice de qualidade da água considerada ótima ou boa, chegando a 47% dos postos de monitoramento. Outros 35% apresentaram índice regular. Ao todo, os rios e reservatórios onde a água é coletada seis vezes por ano para avaliação em laboratório fornecem água para 22 milhões de habitantes, mais da metade da população paulista. Cerca de 80% dos municípios captam água subterrânea.
"Além dos parâmetros sanitários, que avaliam a presença de coliformes e metais pesados, por exemplo, esse índice tem outras variáveis, como as substâncias organolépticas, que interferem na cor, no sabor e no odor da água. Quanto maior a concentração dessas substâncias, pior o índice. Mas isso não quer dizer que a população esteja consumindo água com mercúrio, por exemplo. Significa que essa água precisa de um tratamento especial porque têm quantidade maior de substâncias tóxicas", explica Nelson Menegon, gerente de divisão da qualidade das águas e do solo da Cetesb.
Dos 76 pontos de monitorados da companhia, três apresentaram qualidade péssima: reservatório Cascata, em Marília, Rio Cotia, em Carapicuíba, e o Rio Piracicaba, na cidade que leva o mesmo nome. No reservatório Paiva Castro, em Mairiporã, onde passa toda a água retirada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) do Sistema Cantareira, a qualidade é boa.
Os dados da Cetesb mostram que, no geral, a índice vinha apresentando melhora desde 2010, mas voltou a piorar no ano passado. Para o coordenador do Programa Água para a Vida da ONG WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas, a queda na qualidade da água reflete um problema de gestão dos recursos hídricos. "Nós temos mais de 200 comitês de bacias hidrográficas criados no País que não se reúnem, que não têm recursos financeiros nem cobrança. A política nacional de saneamento foi um grande avanço, o problema é que ela não sai do papel. Falta vontade política", afirma.
Sem consumo. Em relação ao índice geral de qualidade das águas superficiais no Estado, não usadas para abastecimento público, a Cetesb constatou em 2013 que 84% dos 260 pontos monitorados mantiveram classificações como ótima, boa ou regular, índice semelhante ao de anos anteriores. Segundo o relatório, 32 postos apresentaram uma tendência de melhora, como o Rio Atibaia, na região de Campinas, e dois uma tendência de piora, como o Braço do Rio Grande, na Represa Billings, onde o índice ainda é considerado bom. "Isso pode ser reflexo dos investimentos feitos no tratamento de esgoto, que subiu de 45% para 60% da rede", afirma Menegon.

Nem investimento de US$ 2 bilhões melhora o Tietê
Bacia do principal rio da cidade de São Paulo tem 11 pontos de água com qualidade ruim ou péssima

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Apesar do investimento de US$ 2 bilhões previsto entre 2009 e 2016 no projeto para sua despoluição, o Rio Tietê não registrou melhora na qualidade de suas águas, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira, 7, pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

O levantamento feito em 23 pontos de monitoramento espalhados pelos 1.10o quilômetros de extensão mostra que em 11 deles a qualidade da água do rio é ruim ou péssima. Os trechos mais problemáticos continuam sendo os que atravessam a Região Metropolitana, a partir de Suzano, e, só melhoram a partir de Laranjal, no interior.

"Nas proximidades da sua nascente, o Rio Tietê apresentou qualidade regular. No trecho do Médio Tietê, a jusante da Região Metropolitana de São Paulo, a qualidade piora, passando a péssima com presença de metais, toxicidade, eutrofização e baixos níveis de oxigênio dissolvido", diz o relatório. "O trecho mais crítico do Tietê, em termos de qualidade, situa-se a jusante da Região Metropolitana", completa.

Em nota, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou que, em 2013, "os meses de janeiro e dezembro tiveram chuvas muito abaixo da média histórica, o que interfere nas análises" e que a Sabesp atua em apenas um entre os principais contribuintes com lançamento de esgoto no rio, na capital.

"Cabe ressaltar ainda que a limpeza do Tietê depende muito do combate à poluição difusa. Ou seja, do lixo e do esgoto clandestino lançado nas ruas e nos córregos da Grande São Paulo. Varrição e coleta de lixo não são atribuições da Sabesp, mas têm grande influência na poluição do rio, como comprova estudo da USP", afirma.

Segundo a companhia, os investimentos feitos em despoluição "já garantiram importantes resultados para a melhoria do rio". "Com a primeira e segunda fases do Projeto Tietê (1992-2008), o esgoto gerado por uma população de 8,5 milhões de pessoas passou a ser tratado. Ou seja, em menos de 20 anos, a Sabesp passou a tratar os dejetos de uma população equivalente à de Londres", afirma a empresa.

Segundo a concessionária, um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica, ONG que monitora a qualidade do rio, mostra que a mancha de poluição diminuiu 160 km entre 1992 e 2008. "No começo dos investimentos, a poluição chegava até a barragem de Barra Bonita, a 260 km da capital. Com o fim da segunda etapa, em 2008, essa mancha recuou até Salto, a 100 km de São Paulo", afirma.

Atualmente, o Projeto Tietê está em execução na terceira fase com investimentos em 580 km de coletores e interceptores, 1.250 km de redes coletoras, 200 mil ligações domiciliares e aumento de capacidade de tratamento das estações em 10.500 litros/segundo.

Falta de plano põe Sabesp na mira do MPE

JOSÉ MARIA TOMAZELA , RENÉ MOREIRA , ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo

O Ministério Público Estadual (MPE) pode acionar a Sabesp por não ter feito um plano de contingência para reduzir os efeitos da estiagem prolongada sobre o Sistema Cantareira, como exigia em 2004 o documento de outorga para o uso das águas das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A omissão agravou a falta de água e colocou em risco o meio ambiente e a saúde da população, segundo o promotor Ivan Carneiro Castanheiro, do MPE em Piracicaba.

O plano para emergências está entre as sete principais exigências feitas durante a outorga que assegurou o abastecimento do Sistema Cantareira nos últimos dez anos. Nenhuma das condicionantes foi cumpridas integralmente ou dentro do prazo, conforme parecer técnico pedido pelo MPE.

O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) admitiu que a Sabesp não apresentou o plano de contingência, mas alegou que a companhia vem executando medidas que implicam redução das retiradas do Sistema Cantareira.

Sabesp diz que trata esgoto e recupera bacias paulistas

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou, em nota, que o investimento no tratamento de esgoto nas cidades paulistas onde opera tem resultado na melhora da qualidade da água bruta em rios e reservatórios. "A Sabesp opera em 24 cidades no Vale do Paraíba. O relatório da Cetesb aponta que, em 10 dos 11 pontos monitorados do Rio Paraíba do Sul, o Índice de Qualidade da Água (IQA) recebeu classificação 'boa'. O IQA do Rio Una também recebeu classificação 'boa'. O resultado é fruto do avanço no tratamento de esgoto", informa a concessionária, que atua em 364 dos 645 municípios existentes no Estado.
A Sabesp afirma que investiu R$ 519 milhões desde 2011 para universalizar o saneamento básico no Vale do Paraíba até o fim deste ano. "A melhora na qualidade da água do Rio Paraíba do Sul já trouxe os peixes de volta", informa a companhia.
Segundo a Sabesp, em 2014 entrarão em operação estações de tratamento de esgoto nas cidades de Guararema, Cachoeira Paulista, Queluz, Lavrinhas, São José dos Campos, Monteiro Lobato e Taubaté. Em Ibiúna, na bacia do Rio Sorocabuçu, estão em implementação obras que universalizam o saneamento.
Na bacia do Rio Sorocaba, as cidades de Laranjal Paulista, Cesário Lange e Capela do Alto têm 100% do esgoto tratado e outros municípios recebem investimentos.

Para entender
Índice avalia água bruta

O Índice de Qualidade das Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público (IAP) é calculado nos pontos de amostragem da Cetesb nos rios e reservatórios onde a água é captada, antes de passar pelas estações de tratamento. Ele calcula a quantidade de substâncias tóxicas e organolépticas, que interferem em cor, sabor e odor. Quanto maior a concentração desses componentes na água bruta, pior a avaliação dada pela Cetesb e maior rigor no tratamento é exigido antes da distribuição.

OESP, 08/05/2014, Metrópole, p. A18

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,piora-qualidade-da-agua-em-s…

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,nem-investimento-de-us-2-bil…

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,falta-de-plano-poe-sabesp-n…

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