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Pfizer investe para reduzir a mortalidade infantil indígena

Gazeta Mercantil-São Paulo-SP
13 de Mai de 2005

Laboratório vai aplicar R$ 540 mil em projeto voltado para a comunidade Pankararu, de PE. Fome, falta de saneamento básico, 84% das casas sem banheiro, 70% do lixo jogado à céu aberto, condições precárias de moradia, transporte público inexistente e sobrevivência garantida principalmente pela agricultura familiar e pela precária produção artesanal. Esta é a realida-de dos cerca de 5,2 mil índios Pankararu, 35% com menos de 14 anos, que vivem em 14 aldeias no semi-árido pernambucano, a 482 quilômetros de Recife. A difícil condição de vida desse povo, que mantém contato há mais de 400 anos com as outras culturas, tem desencadeado estatísticas alarmantes.

Segundo estimativa da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a média de mortalidade infantil nas comunidades indígenas é quase o dobro em relação à brasileira. Enquanto no País a média é de 24 mortes para cada mil crianças com menos de 1 ano, entre os índios ela é de 47. Uma pesquisa recente realizada com 200 mulheres Pankaruru também mostrou que 96% delas têm algum problema ginecológico e muito poucas fazem os exames preventivos, como papanicolau.

Entre as 14 aldeias localizadas em uma área de 14 hectares, apenas seis tem posto médico da Funasa. "Muitas vezes, o atendimento nas outras é feito na sombra do cajueiro. A principal dificuldade entre nós é identificar o que é cada doença e como ela surge. Há muitas epidemias de diarréia, gripe, sarna", disse o presidente da Associação dos Profissionais Indígenas de Saúde Pankararu (Aproisp), Cícero Soares da Cruz. As doenças infecciosas e respiratórias podem ser as principais causas de morte entre esses índios.

Sensibilizada com esses dados, a subsidiária brasileira do laboratório Pfizer, multinacional norte-americana, decidiu apoiar um projeto da Associação Saúde Sem Limites (SSL) - organização não governamental que se dedica a programas de saúde voltados para as populações indígenas e seringueiros - desenvolvido para melhorar a qualidade de vida da comunidade.

A gerente de comunicação corporativa da Pfizer, Sandra Castellano, disse que a empresa investirá R$ 540 mil em dois anos neste projeto. "Além desses números impressionantes entre os Pankararu, o apoio à comunidade aonde a Pfizer está presente, principalmente em projetos de educação em saúde, em que a empresa pode colocar em prática a sua experiência, faz parte da vocação social do laboratório", afirmou Sandra. Por ano, a Pfizer investe R$ 1 milhão em ações de responsabilidade social no Brasil.

O projeto inicia com o levantamento dos problemas de saúde dos Pankararu, explicou a coordenadora executiva da SSL, Marina Machado. "Acreditamos que a mortalidade possa ser maior. O levantamento vai nos dar um diagnóstico das principais causas que levam a isso, que podem passar pelas condições alimentares, de saneamento e até pelo problema de demarcação de terras."

Com essas informações, a SSL - levando em consideração a cultura local e seus conhecimentos tradicionais, já que 32,5% dos índios buscam o auxílio dos curandeiros - será iniciado um treinamento dos 26 agentes de saúde indígenas, entre funcionários da Funasa e voluntários, para serem multiplicadores de informações.

Paralelamente, o projeto prevê um melhor acompanhamento das mulheres gestantes e uma integração com as parteiras locais, para que elas retransmitam seus conhecimentos sobre parto e cuidados com as crianças às mulheres mais jovens. A redução da mortalidade, afirmou Marina, começa com um bom pré-natal. Cerca de 25% das Pankararu estão em idade reprodutiva. "Essa mobilização gerará uma compreensão maior da própria realidade deles. Daí, eles podem partir para melhorar outras áreas."

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