O Liberal-Belém-PA
15 de Jun de 2004
O superintendente da Polícia Federal de Tocantins, Ruben Paulo de Carvalho Patury Filho, foi enviado ontem à fazenda Planeta, no município de Lagoa da Confusão (203 km de Palmas), para negociar com os índios craôs-canelas a libertação dos dois oficiais de Justiça e de três funcionários da Celtins (Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins) que, segundo a PF, foram feitos reféns pelos índios da etnia no sábado passado.
Patury foi acompanhado pelo procurador da República Álvaro Lotufo Manzano e pelo administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Gurupi (244 km de Palmas), Euclides Lopes.
No início da tarde de ontem, quando se dirigia para a fazenda Planeta, Patury afirmou que o clima no local permanecia "tenso". Além dos 15 agentes da PF que já se encontravam no local desde o fim de semana, mais dez foram deslocados para a região ontem à tarde. Com a chegada da polícia federal, os policiais militares que estavam nas proximidades da fazenda foram retirados e só retornarão ao local caso haja um agravamento da situação.
Invasão - Os índios craôs-canelas invadiram a fazenda Planeta, de propriedade do Grupo Gurupi Participações, na madrugada de quinta-feira. Segundo o grupo, a terra é propriedade indígena e os índios teriam sido expulsos da região na década de 70.
Na manhã de sábado, quando foram à fazenda para cumprir um mandado de reintegração de posse da propriedade, emitido pela Justiça do Estado de Tocantins, dois oficiais de Justiça foram feitos reféns.
Os índios ameaçam matar os reféns caso suas reivindicações não sejam atendidas. Imagens gravadas no domingo pela Rede Globo mostram os dois oficiais de Justiça amarrados e com os olhos vendados. Na gravação, um dos líderes indígenas foi impedido por mulheres craôs-canelas quando pareceu se decidir pela morte de um refém.
Outra ameaça feita pelos índios foi a de incendiar um carro com um dos oficiais de Justiça dentro.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) não reconhece a fazenda Planeta como pertencente aos craôs-canelas. Segundo a fundação, os estudos sobre a área estão em fase preliminar e nenhuma definição sobre o local pode ser dada no momento.
De acordo com a Funai, os índios canela, originários do Maranhão, e os índios craô, de Tocantins, não reconhecem os craôs-canelas como uma etnia.
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