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PF não encontra vestígios de garimpeiros

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=75620
03 de Dez de 2009

Em sobrevoo realizado na segunda e terça-feira desta semana, agentes da Polícia Federal não encontraram vestígios de garimpeiros na comunidade do Maharaú, região do Paapiú Novo e Velho, na terra indígena Yanomami.

A missão, realizada pelo Departamento da Polícia Federal (DPF), através da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemap) e da Coordenação de Aviação da instituição, foi executada por 22 homens, para verificar as denúncias feitas à PF e à Fundação Nacional do Índio (Funai) de que um grupo de garimpeiros teria disparado contra indígenas da região. O relato foi feito através de carta encaminhada na semana passada pela Hutukara Associação Yanomami. O documento informava da presença de cerca de 120 garimpeiros próximo à comunidade Hoyamoú, na região do Hakoma, no Alto Rio Mucajaí.

Segundo o superintendente do DPF, Herbert Gasparini de Magalhães, os policias viajaram na manhã de segunda-feira (30), em um helicóptero da coordenação nacional que também enviou sete homens, que se juntaram aos 15 do DPF de Roraima, coordenados pelo chefe da Delemap, delegado Fabrizio Garbi.

Foram feitos sobrevoos em quase toda a extensão do rio Couto Magalhães para averiguar a presença dos garimpeiros. "Sobrevoamos durante toda a segunda e terça-feira. Não encontramos garimpeiros tampouco vestígios da presença deles no local, como acampamentos, motores. Só foram encontrados locais onde no passado funcionavam alguns garimpos", explicou o delegado Garbi.

O superintendente explicou ainda, que isso não significa que não há presença de garimpeiros no local. "É claro que existem pequenos focos em outros locais e garimpeiros que ainda insistem em aventurar na reserva, mas nada que exija uma operação de grande porte como a Selva Livre, que houve há 10 anos, onde pessoalmente atuei e vários garimpos foram desativados", lembrou Herbert.

O chefe da Delemap ressaltou que no segundo dia, acompanhados do indígena Aracoma Yanomami, o mesmo que fez a denúncia via radiofonia para a Hutukara no último dia 26, o grupo passou o dia sobrevoando a região, inclusive no leito do rio Maharau, que se encontra com o Couto Magalhães, para que ele apontasse o local onde os indígenas teriam sido recebidos a tiros pelos cerca de 120 garimpeiros.

"Também não encontramos nada e nenhum vestígio. Ao retornarmos para a maloca, pedi que ele nos mostrasse a quantidade de garimpeiros que teria visto naquele dia. Como sabemos que eles têm dificuldades em contar, fiz um aglomerado de pessoas entre os policiais e um grupo de índios que estava no local e pedi que ele separasse ali, quantas pessoas fosse o número de garimpeiros vistos por eles. Ele separou oito pessoas, o número não chega nem de longe, a metade dos 120 denunciados", comentou o delegado.

O superintendente garantiu ainda que em momento algum a Polícia Federal se omitiu a apurar as denúncias e informações repassadas. "Na sua grande maioria podemos interpretar as informações como exagero, mas o nosso esforço em investigar sempre foi o mesmo. Na terça-feira, por exemplo, nossa aeronave sobrevoou até o limite máximo do combustível mais de 30 minutos", disse o superintendente.

REUNIÃO - O superintendente comunicou que, na tarde de terça-feira, houve uma reunião entre a superintendência, a chefia da Delemap, e representantes da Hutukara e do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), uma organização não-governamental (ONG) que atua junto às comunidades Yanomami.

Durante a reunião, foram repassadas as informações colhidas durante a investigação. "Como o helicóptero vai ficar à nossa disposição até sexta-feira, convidei os representantes para que voltássemos ao local para fazer um novo sobrevoo. Eles não aceitaram, e nos informaram que vão conversar com os representantes das comunidades e solicitar que futuramente nossos homens se dirijam até o local, para, numa caminhada de cinco horas, ir até onde teriam localizado os garimpeiros", comentou o superintendente.

AERONAVE - Outro ponto denunciado pelos indígenas foi quanto a uma aeronave que é vista pelos moradores duas vezes ao dia e que possivelmente realiza o abastecimento dos garimpos por meio de uma pista de pouso coberta pelas copas das árvores.

"Estamos investigando os dois prefixos para saber a quem pertencem, muito provavelmente é da própria Funai ou de algum fazendeiro próximo, uma vez que é economicamente inviável que uma aeronave faça dois voos diários para abastecimento. Quando isso ocorre, é num período de 15 em 15 dias. Com relação à pista de difícil visão, se ela está encoberta pelas árvores, é porque esta inativa", finalizou Gasparini.

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