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PF investiga tiroteio com guerrilha no AM

FSP, Brasil, p. A11
28 de Mai de 2005

PF investiga tiroteio com guerrilha no AM
Agente federal tentou parar embarcação suspeita na fronteira com a Colômbia e foi alvo de tiros de fuzil

Kátia Brasil
D agência Folha, em Manaus

A Polícia Federal está investigando a troca de tiros entre um agente federal e supostos guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) na localidade de Cucuí, distrito de São Gabriel da Cachoeira (AM), na fronteira do Brasil com a Colômbia. Oito agentes de inteligência foram enviados à região, disse ontem o Coordenador de Operações Especiais de Fronteiras, delegado Mauro Sposito.
"Estamos investigando. Mandamos oito pessoas da inteligência [para Cucuí] para saber o que está acontecendo e toda a extensão do problema", disse Sposito, destacando que só pode confirmar se o incidente envolveu guerrilheiros das Farc após a investigação.
De acordo com o chefe do CMA (Comando Militar da Amazônia), general do Exército Cláudio Barbosa de Figueiredo, que recebeu um relato do 4o Pelotão de Fronteira de Cucuí sobre o incidente, a troca de tiros aconteceu com guerrilheiros.
A troca de tiros aconteceu por volta das 21h (22h em Brasília) do dia 20. O agente federal estava em uma lancha, fazendo a fiscalização na margem esquerda do rio Negro, a 800 metros do Posto de Controle de Fronteira de Cucuí (a 150 quilômetros de São Gabriel da Cachoeira), quando abordou uma embarcação suspeita de carregar armas ou munição para uma base das Farc na localidade colombiana de La Guadalupe.
Segundo a Polícia Federal, o piloto da embarcação suspeita não atendeu à determinação do agente para parar e acelerou. Durante a perseguição, o agente atirou para cima. Recebeu em troca tiros de fuzis, disparados da faixa de terra, do lado esquerdo do rio Negro, levando a suspeita de que guerrilheiros davam cobertura para a lancha suspeita, escondidos na floresta. A polícia não sabe precisar se a faixa de terra fica no Brasil ou na Colômbia.
"Houve uma troca de tiros e um agente nosso foi vítima desses disparos [como alvo, já que não foi atingido]. Se foi do lado brasileiro ou do lado colombiano, isso está sendo investigado, pois o que interessa é que ninguém pode disparar contra um agente nosso", disse Sposito.
O general Cláudio Barbosa de Figueiredo disse que após a troca de tiros a PF acionou o 4o Pelotão de Fronteira. Um alerta foi dado na comunidade de Cucuí, de 1.200 habitantes. Uma patrulha militar iniciou uma incursão pelo rio, mas os guerrilheiros já tinham cruzado a fronteira da Colômbia, impedindo que a perseguição continuasse. "É um incidente grave. Não podemos cooperar com a guerrilha colombiana", afirmou o general.
A base das Farc na localidade colombiana de La Guadalupe fica a 6 quilômetros de Cucuí. Lá há uma pista de pouso, além de comunicação com antena parabólica e rádio freqüência. Um agente da Polícia Federal, que chegou ontem da região, disse à Folha que, em média, cem embarcações brasileiras, de pequeno e médio porte, são fiscalizadas durante o dia pelo Posto de Controle de Fronteira da PF.
Durante à noite, a polícia não tem como fiscalizar as embarcações porque os pilotos navegam pela margem esquerda do rio Negro, aproveitando a escuridão.
"Desce da Colômbia para o nosso país droga e gasolina contrabandeada. Em contrapartida, saem [do Brasil] barcos com armas e com comida para a guerrilha. A comida sobe durante o dia, e as armas na calada da noite", disse o agente, que não quis se identificar.
Desde o incidente, a Polícia Federal proibiu os carregamentos de alimentos em embarcações brasileiras que partem para a Colômbia, pelo porto de Cucuí. O posto da PF na localidade receberá um reforço de agentes, disse ontem Sposito.

FSP, 28/05/2005, Brasil, p. A11

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