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PF investiga financiadores de garimpos

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Autor: Andrezza Trajano
18 de Mai de 2010

A Polícia Federal investiga quem está financiando os garimpos existentes em terras indígenas do Estado. No ano passado, a instituição informou que alguns empresários roraimenses estariam por trás da atividade ilegal. A exploração mineral em reservas é proibida por lei e depende de aprovação do Congresso Nacional.

Recentemente, onze pessoas foram detidas pelo Exército Brasileiro acusadas de garimpagem ilegal na terra indígena Yanomami, a noroeste de Roraima. De acordo com o representante do Exército no Estado, general Franklimberg Ribeiro de Freitas, o grupo foi localizado durante ação de reconhecimento de área de fronteira realizada pelos militares, no dia 10.

Os oito homens e as três mulheres estavam em três balsas flutuantes no rio Couto de Magalhães, próximo à serra do Parima, na fronteira com a Venezuela. Alguns deles estavam mergulhando no rio no momento da abordagem.

Os supostos garimpeiros estavam armados com duas espingardas calibre 20, mas não resistiram à prisão. Também portavam utensílios próprios para garimpo, como mercúrio, além de uma quantidade de ouro não informada. Por causa das fortes chuvas que caíram em Boa Vista nos últimos dias, apenas na noite de domingo, 16, eles foram trazidos para a capital e entregues à Polícia Federal para lavratura do flagrante.

Eles foram autuados por crime ambiental e formação de quadrilha. Em seguida, foram encaminhados para a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo. Dos oito homens, sete são brasileiros e um é guianense. Cinco deles residem em Roraima, um no Amapá, outro no Maranhão e um no Pará. As mulheres foram liberadas, uma vez que ficou constatado que trabalhavam apenas como cozinheiras.

De acordo com o delegado Fabrizio Garbi, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente da Polícia Federal, os suspeitos confirmaram a atividade ilegal e apontaram o desemprego como motivação. A maioria disse já ter experiência.

Os homens ficavam com 40% do ouro que encontravam, enquanto as mulheres lucravam 1,5 grama ao dia. Não foi informado quem seria o dono do garimpo. As balsas foram desativadas pelos militares.

"Eles disseram que não eram donos do maquinário nem dos insumos, que apenas faziam o serviço, inclusive encontravam a infraestrutura pronta, que inclui até um monomotor para fazer o transporte das pessoas e dos alimentos. O que notamos é que há um grande esquema, pois, apesar de fazerem parte do mesmo grupo, nem todos se conheciam. Até as cozinheiras não tinham contato com os garimpeiros. Elas apenas aprontavam a comida e um deles era o encarregado em distribuí-la aos demais", revelou o delegado, acrescentando que os garimpeiros estavam há dois meses na localidade e que as investigações vão continuar.

Índios dizem que garimpeiros chegam a 2 mil, mas PF afirma que são apenas 400

Os índios Yanomami afirmam que existem cerca de 2 mil garimpeiros na terra indígena, distribuídos em 12 garimpos. A reserva tem 9,6 milhões de hectares e abrange os estados de Roraima (que concentra 5,7 milhões de hectares) e Amazonas. Asseguram que os garimpeiros disseminam doenças e que destroem a natureza com a consequente redução de alimentos para os índios, que ainda vivem da pesca, caça e coleta de alimentos.

A Polícia Federal rebate a informação e diz que em seus dados existem cerca de 400 garimpeiros na reserva. O delegado Fabrizio Garbi, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente, disse não ter nenhuma grande operação de retirada de garimpeiros programada, mas enfatizou que a presença dos agentes federais é permanente na região e que atua em conjunto com o Exército. "Os garimpeiros estão sempre indo e vindo, é como enxugar gelo", observou.

Há dois meses a Fundação Nacional de Saúde fotografou e filmou a atividade garimpeira, também em balsas, na região do Catrimani, na reserva Yanomami. Igualmente foram feitos registros de pistas clandestinas, utilizadas para pousos das aeronaves que dão suporte ao garimpo. O material foi entregue à PF.

Em ação conjunta realizada no final do ano passado, o Exército e a Polícia Federal destruíram dez garimpos ilegais situados nas terras indígenas Yanomami e Raposa Serra do Sol. À época, dez pessoas foram presas.

http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=86564

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