Folha de S. Paulo-SP
Autor: Sílvia Freire
14 de Jun de 2004
Uma ossada foi localizada anteontem pela Polícia Federal na terra indígena Araribóia, no sudoeste do Maranhão. A PF suspeita que existam outros corpos enterrados na reserva. Na operação, quatro pessoas, entre elas um índio da etnia guajajara, foram presas em flagrante por tráfico de drogas e porte ilegal de armas.
Segundo o delegado Humberto Freire de Barros, que acompanhou a operação, a PF encontrou 31,5 quilos de maconha distribuídos nas casas dos quatro acusados, além de revólveres e espingardas.
A operação Governador/Araribóia foi montada pela PF para cumprir o mandado de prisão do índio José Rodrigues de Souza Guajajara, o Zeboni, e do cunhado dele Messias Alves Carvalho, conhecido como Cláudio. Os dois são acusados pela Justiça Estadual de roubo de gado. As polícia estaduais são impedidas pela Constituição de entrar em terras indígenas.
Segundo a PF, depois de presos, Zeboni e Carvalho indicaram os nomes de outros dois não índios que também moram na reserva e que supostamente fazem parte da quadrilha. Os quatro confirmaram a existência das ossadas e mostram à PF onde uma delas estava enterrada. A operação continua na busca de outros corpos.
A PF suspeita que a quadrilha tenha matado usuários de drogas para ficar com o dinheiro ou bens. Os quatro acusados estão presos na delegacia da PF em Imperatriz e devem ser transferidos para um presídio.
Segundo o administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Imperatriz, José Piancó, os próprios índios informaram a Funai sobre a ação dos não índios na reserva e ajudaram na investigação. "A maioria não concorda com isso [tráfico de drogas]."
No final de maio, índios guajajara da terra indígena Araribóia bloquearam a rodovia MA-006, durante vários dias em protesto contra a retirada ilegal de madeira da reserva.
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