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PF começa ouvir índios acusados de comandarem invasão da Funai

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
20 de Mai de 2004

O delegado federal Eduardo Alexandre Fontes, que preside inquérito policial que apura a invasão da Fundação Nacional do Índio (Funai), ouviu na manhã de ontem os líderes indígenas Silvestre Leocádio, presidente da Sociedade das Comunidades Indígenas de Roraima (Sodiurr), e Jonas de Souza Marcolino, também ligado à entidade contra a homologação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol.

Acompanhados do advogado Luiz Valdemar, os tuxauas chegaram à Superintendência da PF tranqüilos por terem nas mãos, segundo eles, documento assinado pelo funcionário da Funai, José Milamar Custódio, no qual ele nega ter sido refém dos índios.

Hoje devem ser ouvidos os tuxauas Anísio Pedrosa, da Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas (Alidcir), e Gilberto Macuxi, da Associação dos Rios Kinô, Cotingo e Monte Roraima (Arikon).

Todos são acusados de comandarem a invasão à sede administrativa regional da Funai, no último dia 10, quando mais de 200 índios ocuparam o prédio da instituição.

O delegado Alexandre Fontes, baseado no depoimento do funcionário da Funai, José Milamar Custódio da Silva, que garantiu ter sido refém dos índios, indiciou os indígenas por cárcere privado. Mas afirmou que no decorrer das investigações os acusados poderiam responder por outros crimes. Além de José Milamar, já prestarem depoimento os servidores Maria Nazaré Bento e Jânio Uchôa da Silva.

CONTROVÉRSIA - Silvestre Leocádio disse que Milamar em nenhum momento foi refém dos índios durante a invasão. "Temos um documento assinado por ele, em que Milamar afirma não ter sido refém".

O líder da Sodiurr acrescentou que o funcionário da Funai falta com a verdade quando afirma ter sido refém. "Se fosse refém, como ele explica o fato de ter ido para casa e voltado para trabalhar no outro dia?", questionou o indígena.

Silvestre Leocádio disse acreditar que Milimar foi convencido por alguém a procurar a Polícia Federal para afirmar que foi refém. "Quando os índios chegaram na Funai, deixaram todos os funcionários abandonarem o prédio", disse. "Pedimos para Milamar ficar, porque, como funcionário, poderia ver que nós não iríamos quebrar nada".

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