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PF: arsenal de fazendeiros tinha até fuzis

CAMPO GRANDE NEWS
Autor: Graciliano Rocha
08 de Nov de 2007

Dois fuzis calibre 7,62 mm - um deles com o brasão do Exército Brasileiro - estão entre as armas apreendidas pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira em Antônio João, a 300 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. A operação foi realizada no distrito de Campestre, onde índios guarani kaiowa e fazendeiros estão numa disputa fundiária por uma área de 9.300 hectares.

Os fuzis são armas privativas das Forças Armadas. A PF vai investigar como as armas - uma delas de propriedade do Exército - foram parar nas fazendas. A PF também apreendeu dois revólveres e uma espingarda calibre 22 e uma escopeta calibre 12. Uma pessoa, o capataz da fazenda Fronteira, foi preso. A fazenda Fronteira pertence ao ex-prefeito de Antônio João, Dácio Queiroz (PMDB), que acompanhou a movimentação esta manhã por telefone, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo. Ele não quis comentar a ação da PF.

A operação envolveu 40 policiais federais. Eles cumpriram vinte mandados de busca e apreensão expedidos pela juíza Lisa Taubenblatt, da Justiça Federal de Ponta Porã. O MPF (Ministério Público Federal) havia apresentado representações denunciando ameaças contra os índios. A PF também apreendeu duas motosserras, aparelho de rádio-comunicação e agrotóxico, sem documentação legal. Segundo a polícia, apenas uma pessoa foi presa porque a maioria dos proprietários do material apreendido não estava nas fazendas na hora da operação. As buscas também aconteceram nas casas dos índios que vivem nas imediações.

Terra e violência - Os índios reivindicam uma área de 9.300 hectares. As fazendas compõem a terra Nhanderu Marangatu, homologada (última etapa do processo de criação de uma reserva indígena) em março de 2005 pela União, mas os fazendeiros conseguiram um decisão no STF (Supremo Tribunal Federal) que paralisou o processo.

A região é um dos pontos mais críticos da disputa por terras entre fazendeiros e índios em todo o País, onde a violência dura décadas. Foi naquela região que o líder indígena Marçal de Souza foi morto em 1983. A morte mais recente foi a do guarani Dorvalino Rocha, em dezembro de 2005. O autor dos tiros, Carlos Gimenes Brites, era funcionário da empresa de segurança Gaspem, contratada pelos fazendeiros da região. Brites se defendeu alegando legítima defesa, já os índios acreditam que Dorvalino tenha sido executado pela equipe da Gaspem.

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