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PF apreende peças feitas com animais silvestres Coleção de antropóloga brasileira é a maior já encontrada no Brasil

Jornal do Brasil -Rio de Janeiro-RJ
Autor: Hugo Marques
05 de Fev de 2005

Uma equipe de 16 delegados e agentes da Polícia Federal apreendeu ontem no Rio uma das maiores coleções ilegais de peças feitas com partes de animais silvestres do país. O material seria vendido nos Estados Unidos por R$ 1,3 milhão e pertence à antropóloga Rosita Pereira Heredia, de 43 anos, que mora nos EUA. Ela decidiu colaborar com a investigação conjunta da PF com a Fish & Wild Life Service (FWLS), agência que cuida de crimes ambientais.
Para a PF, foi um dos maiores golpes no tráfico internacional de animais silvestres já realizados. A busca e apreensão foi realizada em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Lá, os policiais encontraram mais de 150 peças, entre cocares, braceletes e colares, feitos com partes de animais silvestres, incluindo dentes de macacos e de onças e penas de papagaios, além de outros objetos.
As peças e partes de animais apreendidos encheram seis grandes caixas de isopor e foram transportados para a Superintendência da PF no Rio. O material estava na casa do pai da antropóloga, mas a PF decidiu não divulgar o nome dele, que está com 74 anos e passou mal ao saber que a filha amoitava mercadoria proibida.
- É muita coisa apreendida. As caixas de isopor têm 1,5 metro de cumprimento cada - afirma o delegado Paulo de Tarso Teixeira, que coordenou a busca no Rio.
Rosita Pereira Heredia está sendo processada desde 1998 nos EUA pela FWLS. A antropóloga é acusada de vender ao então diretor do Museu de Arte Smithsonian, Lawrence Small, artesanato indígena no valor de US$ 460 mil (R$ 1,1 milhão).
A antropóloga, que conquistou nacionalidade americana, decidiu revelar onde estava o material na semana passada, quando uma missão da PF e da CPI do Tráfico de Animais da Câmara viajou aos EUA para colher informações sobre o tráfico internacional de partes de animais silvestres. No ano passado, a PF deflagrou a Operação Pindorama e prendeu servidores da Funai envolvidos com o contrabando para os EUA. Lá, a polícia federal americana, o FBI, tinha prendido o contrabandista Milan Hrabovsky.
O chefe da Divisão de Repressão aos Crimes Ambientais da PF, delegado Jorge Pontes, pediu que Rosita fosse chamada à sede da Fish & Wild Life e colheu o depoimento da antropóloga, quando ela revelou o esconderijo do material apreendido ontem.
- É a maior coleção de arte plumária ilegal da história - diz o delegado Jorge Pontes.
Segundo investigação conjunta da PF com os americanos, Rosita Heredia vem transportando ilegalmente peças e partes de animais silvestres para os EUA desde 1984. Com o dinheiro que ganhou neste comércio, Rosita pagou um curso de US$ 60 mil (R$ 156 mil) na Universidade de Harvard, uma das melhores do mundo.
A antropóloga também comprou uma casa nos Estados Unidos, avaliada em US$ 260 mil (R$ 676 mil). Para fazer algumas ''mostras'' de material indígena ilegal nos EUA, segundo a PF, Rosita chegava a cobrar até US$ 10 mil (R$ 26 mil). A PF tem informações sobre várias remessas de Rosita para o exterior, incluindo peças de até US$ 20 mil cada (R$ 52 mil).
A busca e apreensão na casa de Rosita Heredia é só o início de uma nova investigação sobre tráfico internacional de animais. A PF recolheu farta documentação indicando a participação de funcionários da Funai e do Ibama neste tipo de comércio ilegal. Os servidores serão chamados para depor na PF. Rosita apresentou supostas autorizações dos dois órgãos públicos, que serão investigadas.

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