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Pesquisas da Embrapa em Roraima vão ter R$ 5 milhões

Gazeta Mercantil do Norte-Belém-PA
Autor: Antônio Bentes
13 de Mar de 2002

Uma emenda parlamentar coletiva da bancada federal do estado garantiu a verba de R$ 5 milhões para que a Embrapa de Roraima, em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), comece a quebrar os paradigmas na produção auto-sustentável e ambientalmente correta. Os recursos serão utilizados na pesquisa e desenvolvimento de produtos competitivos no comércio nacional e internacional e na transferência de tecnologias.
Eduardo Morales, chefe geral do escritório da Embrapa em Roraima, explica que já chegou a hora de tratar o produtor rural como um homem de negócios, capacitando-o e preparando-o para enfrentar o mercado de forma a maximizar seus lucros e competir em igualdade de condições com os seus pares.
Trabalhando com dois sistemas ecológicos distintos (floresta nativa e lavrado), a empresa vai, a partir deste ano, focar suas pesquisas em produtos adequados às necessidades do mercado consumidor, deixando de lado o perfil de produzir teses e estudos voltados para publicação em jornais e revistas cientificas. Manejo sustentável madeireiro, agricultura familiar, silvicultura tropical e sistemas agroflorestais serão as linhas de pesquisas em área de mata. No lavrado, recursos genéticos, fruticultura tropical, silvicultura tropical, grãos, agricultura familiar e produção animal serão as prioridades.
São 170 mil quilômetros quadrados de floresta tropical que geram uma produção de 200 mil metros cúbicos de madeira. Trabalhar com planejamento de longo prazo, preparando uma poupança para a aposentadoria, é a nova sistemática que a instituição quer implementar juntamente como os seus parceiros.
Como exemplo, Morales cita a venda de madeira em toras. Um caminhão com seis a oito toras de madeira não beneficiada custa hoje R$ 80. Se o colono começar a plantar 100 pés de Cedro doce, Angelim, Ipê, Itaúba, Maçaranduba e outras espécies nativas, ao fim de 12 anos, semibeneficiando a madeira em sua gleba, ele pode, com a venda, ter uma renda próxima de R$ 2.000. ´É uma aposentadoria que o INSS não pode pagar´.
Bonfim, Boa Vista e São Luís do Anauá serão os municípios em que as instituições parceiras (Embrapa, Sebrae, UFRR, Incra, Secretaria de Agricultura) vão montar as primeiras unidades demonstrativas. Em Boa Vista, o projeto Passarão, que se arrasta há mais de dez anos em sucessivos insucessos, terá um tratamento prioritário, já que os investimentos fixos estão feitos. Voltado para produzir frutas para atender os mercados de Boa Vista e Manaus, Passarão, como é conhecida a região produtora, já dispõe de estrada para escoamento da produção e canais de irrigação, faltando apenas acompanhamento técnico mais efetivo.
São Luís do Anauá, na região sul do estado, vai receber investimentos para a produção de dendê e seus derivados, em um projeto que vai consorciar açaí, bacaba, cana-de-açúcar, castanha-do-brasil e espécies florestais nativas como forma de recuperar áreas degradadas por criação de pastagens em projetos de colonização implantados pelo Incra e preparar as associações de produtores para produzir, embalar e comercializar as safras.
Localizado em área de abrangência da Calha Norte, o município de Bonfim é considerado estratégico para a Embrapa. Com condições de solo similares aos do Nordeste e clima ameno, é propício para a implantação de uma unidade demonstrativa para a produção de frutas tropicais.
Em cinco anos com as associações gerindo os negócios, caberá aos parceiros a assistência técnica e eventuais ajustes. A nova ótica de trabalho da Embrapa, explica Morales, é transformar o produtor em empresário e acabar com a visão de que o bom negócio é um emprego público.

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