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Pesquisadores mantêm reserva ecológica fora do Sistema Nacional de Unidades de Conservação

Amazonia.org.br
Autor: Thaís Brianezi
09 de Jun de 2006

Manaus - A Reserva Florestal Adolpho Ducke é uma área de 100 quilômetros quadrados, em plena zona urbana da maior cidade da Amazônia brasileira - Manaus, no Amazonas. Apesar de cumprir um papel de preservação ambiental, ela não faz parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) – o que traz desvantagens para sua fiscalização e facilidades para a realização de pesquisas científicas. Foi que contou hoje (9) o chefe da Divisão de Suporte às Estações e Reservas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Everaldo James, em entrevista ao quadro Meio Ambiente , que todas as sextas-feiras é divulgado no programa Ponto de Encontro , da Rádio Nacional (Amazônia) .

"A reserva foi criada em 1963 e é administrada pelo Inpa. Para fazer parte do Snuc (lei válida a partir de 2000), teríamos que repassá-la ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)", explicou ele. "A vantagem é que os fiscais do Ibama têm poder de polícia. Mas aí teríamos menor gerência sobre a área, a burocracia para pesquisas seria maior".

Pelo Snuc, as unidades de conservação têm direito à manutenção de uma zona tampão em seu entorno. Essas restrições ambientais não são válidas hoje nos limites externos da reserva Ducke, principalmente na sua borda sul, já completamente ocupada por bairros populares. "A gente tem problemas de retirada ilegal de pau-rosa (madeira cuja essência é muita valorizada pela indústria de cosméticos) e de invasão nos fins de semana, para uso da reserva como balneário", disse James.

Segundo ele, a fiscalização da reserva é feita por 11 funcionários de uma empresa de segurança contratada pelo Inpa. "Mas a gente aposta também em um trabalho de educação ambiental. Transformamos 5% da reserva (5 quilômetros quadrados) em um Jardim Botânico, aberto à visitação", contou. "E no último domingo de cada mês trazemos pessoas de comunidades mais distantes para conhecer a área e participar de oficinas. Nessa atividade, contamos com a parceria de empresas que financiam o transporte dos visitantes, a distribuição de lanches e brindes".

Quando a reserva Duke foi criada, em 1963, seu objetivo principal era servir de campo experimental para plantação de árvores de valor comercial. O projeto não foi para frente por falta de verbas e, em 1972, a área foi declarada reserva ecológica. "Hoje a Ducke é um grande parque que contribui para a proteção da nascente de alguns igarapés de Manaus e para a manutenção da temperatura da cidade, além de preservar a biodiversidade", afirmou James.

Em 2000, foi instalado na reserva um sistema de 64 quilômetros de trilhas, passarelas e pontos permanentes de amostragem para facilitar as pesquisas de campo. Um dos trabalhos mais recentes na área, publicado neste ano, é o Guia de Sapos da Reserva Adolpho Ducke, de autoria de sete pesquisadores: Albertina Lima, William Magnusson, Marcelo Menin, Luciana Erdtamnn, Domingos Rodrigues, Cláudia Keller e Walter Hödl. Eles identificaram e descreveram, com ilustrações, 50 espécies de sapos existentes na área.
Thaís Brianezi
09/06/2006 disponível em http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=210906

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