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Pesquisadores acreditam ter encontrado nova espécie de lagarto do cerrado

ICMBio - www.icmbio.gov.br
Autor: Carla Lisboa - carla.lisboa@icmbio.gov.br
25 de Nov de 2008

Uma expedição científica à Reserva Biológica (Rebio) Guaribas, na Paraíba, organizada pelo cientista e professor Guarino Rinaldi Colli, do Instituto de Biologia da UnB, fez a descoberta do que, provavelmente, deve ser uma nova espécie de lagarto do gênero Cnemidophorus, típico do cerrado. Com oito centímetros de comprimento, o animal, diferentemente das demais espécies do gênero - que apresentam ventre esbranquiçado, azulado ou esverdeado - tem o ventre e a cauda avermelhados.

A Rebio Guaribas fica no município de Rio Tinto (PB) e é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Foi criada para preservar amostras da Mata Atlântica, mas abriga, também, fragmentos remanescentes do cerrado, praticamente intactos. Foi exatamente nessa área de cerrado que houve a descoberta do animal.

As suspeitas de que se trata de uma nova espécie de lagarto do cerrado somente poderão ser confirmadas depois de um estudo detalhado, envolvendo, até mesmo, o seqüenciamento do DNA dos exemplares capturados durante a expedição, realizada no início do mês passado. No entanto, as evidências de que se trata de uma variação do Cnemidophorus são muito fortes.

Os pesquisadores desconfiam de que o lagarto hoje classificado como Cnemidophorus ocellifer não seja uma única espécie, mas várias espécies diferentes ainda não descritas. Dentre elas, estaria a do animal encontrado na Rebio Guaribas. A confirmação das suspeitas e a formalização da descrição científica deverão indicar a necessidade de redefinição da classificação do Cnemidophorus ocellifer.

COLEÇÃO - Os répteis coletados na reserva foram trazidos para Brasília e compõem agora a Coleção Herpetológica do Laboratório de Herpetologia do Departamento de Zoologia, do Instituto de Biologia da UnB. O acervo, que reúne mais de 50 mil espécimes, está à disposição da comunidade científica. Segundo a gerente da coleção, Marcela Ayub Brasil, há animais de várias regiões do mundo, que são usados também para estudos genéticos.

Para o professor da UnB, a descoberta do lagarto na Rebio Guaribas não só reforça a necessidade de realização de inventários sobre o cerrado, bioma bastante degradado pelas atividades agropecuárias, mas também estimula a promoção de pesquisas, uma vez que estudos recentes têm revelado um grande número de novas espécies de répteis nesse ecossistema.

Durante os sete dias que durou a expedição, o professor da UnB pôs em prática três projetos de pesquisa. Os estudos buscam saber o que acontece com os animais que vivem em fragmentos naturais do cerrado. O objetivo é prever o que poderá ocorrer com as populações isoladas em fragmentos criados pelas atividades humanas na região central do cerrado (Centro-Oeste brasileiro) e planejar estratégias para a conservação adequada da fauna.

PARCERIA - Além de fazer a coleta dos animais, o professor deu aulas práticas da disciplina biologia dos répteis aos 20 estudantes que o acompanharam na expedição. Todas essas atividades selaram a primeira parceria envolvendo o ICMBio/Rebio Guaribas, a UnB e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) na área de pesquisas e estudos científicos.

Pesquisas e levantamentos de fauna e flora nas unidades de conservação têm colaborado de várias formas para a produção científica brasileira e para a melhoria da qualidade de vida da população. O ICMBio é um dos órgãos governamentais que estimulam a produção desse tipo de pesquisa por meio de parcerias institucionais.

CERRADO - O cerrado brasileiro é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do País e do mundo. Apesar disso, sofre, sobretudo na Região Centro-Oeste, grandes fragmentações por causa da introdução de monoculturas, como a soja, a pecuária e o surgimento de novas cidades. Com isso, parte da riqueza biológica corre o risco de desaparecer. Pesquisas como a do professor Rinaldi ajudar a reverter essa situação.

Serviço: Mais informações ou contato com a direção da Rebio e a equipe de pesquisadores nos telefones (61) 3316-1970 a 1978, com Carla Lisboa.

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