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Autor: MARILENA FREITAS
09 de Abr de 2013
Uma pesquisa realizada por um roraimense comprovou cientificamente o que o conhecimento empírico das populações indígenas do Estado de Roraima afirma há séculos, que a planta conhecida popularmente pelo nome de Sucuuba tem propriedades curativas para diversas enfermidades.
"Comprovou-se cientificamente que as propriedades existentes podem servir para diferentes patologias, conforme indica o conhecimento popular", afirmou o pesquisador Sebastião Oliveira Rebouças, natural da Serra de Tepequém, no município de Amajari (RR).
Biólogo e geneticista, Rebouças defendeu a tese de doutorado sobre as propriedades fitoquímicas e genotóxicas da Sucuuba, uma planta de origem amazônica, muito usada pelos índios da região, que já difundiram o conhecimento popular entre os não-índios, que também fazem uso das propriedades medicinais.
"Escolhi essa planta para pesquisa pelo frequente uso por parte dos índios de Roraima, que afirmam que cura câncer, úlceras, tumores, inflamações, sífilis e malária. Isso despertou a minha curiosidade", contou o pesquisador que iniciou a pesquisa em 2008 e concluiu em janeiro de 2012.
A pesquisa comprovou que a Sucuuba tem propriedade de proteção celular e é eficaz contra determinadas linhagens de câncer, como o de rim e do colo do útero. Os testes mostraram ainda que a planta não apresenta efeitos genotóxicos, o que significa dizer que a ingestão dela não produz danos à genética.
"O uso da Sucuuba indica também que pode prevenir ou retardar a probabilidade de manifestação cancerígena. Os testes feitos com células de linhas de câncer de colo de útero mostrou o efeito semelhante ao etoposídio, um dos medicamentos utilizados no tratamento de câncer. O conhecimento popular dos índios foi confirmado cientificamente", reforçou.
A planta também tem efeito antioxidante, o que leva a crer que retarda o envelhecimento precoce, por conta da molécula majoritária existente nela, o plumierídio, além da presença de flavonoides, taninos e iridóides que foram identificados.
Trabalho é reconhecido primeiro na Europa
O célebre ditado de que santo de casa na obra milagre, pelo menos, até ser reconhecido por outras pessoas, se encaixa bem na história do pesquisador Sebastião Rebouças. A tese de doutorado dele já rendeu quatro artigos científicos e três deles já foram publicados no Journal of Ethnopharmacology, da Europa.
Após o reconhecimento na Europa, o segundo artigo foi publicado na Revista Brasileira de Farmagnosia, totalmente em português, disponível no endereço eletrônico
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102 695X2012000200020&script=sci_arttext.
O terceiro artigo foi publicado ontem (08) em homenagem ao Dia Internacional de Combate ao Câncer. O resultado da tese de Sebastião Rebouças já rendeu alguns convites, inclusive para falar sobre o assunto no Congresso Mundial de Tratamento contra o Câncer.
Um laboratório da Alemanha também já o convidou para passar, pelo menos, seis meses lá dando continuidade à pesquisa. Enquanto isso, no Brasil os convites foram ínfimos. Ele iniciou a pesquisa com recursos próprios e, somente após um ano e meio, foi que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) forneceu uma bolsa de pesquisa no valor de R$ 20 mil. A pesquisa foi desenvolvida em um laboratório de genética e toxicologia, do Estado do Rio Grande Sul.
O que é a Sucuba?
A Sucuuba (Himatanthus sucuuba) pertence à família Apocynaceae, ordem Gentianales e subclasse Asteridae. É uma árvore de grande porte, conhecida como Sucuuba ou janaguba e nativa da região Amazônica, que fornece madeira para a construção civil e carpintaria.
É uma espécie latescente, de tronco ereto e casca rugosa. Possui folhas glabras, coriáceas e de margens inteiras. As inflorescências estão dispostas em cimeiras terminais com poucas flores, grandes e brancas e os frutos são geminados em forma de duplo folículo contendo sementes aladas.
Na medicina popular, o látex e as folhas são utilizados como antitumoral, antifúngico, antianêmico, vermífugo e no tratamento de gastrites e artrites. A infusão feita a partir da casca do caule tem sido usada para tratamento de tumores, furúnculos, edemas, artrites e ainda como vermífugo e laxativo.
Uso e armazenamento inadequados podem provocar efeitos contrários
O uso inadequado da sucuuba pode provocar efeitos contrários no organismo. Além disso, conforme explicou Sebastião Rebouças, a utilização contínua poderá contribuir para a degradação do meio ambiente e extinção da espécie, principalmente pela retiradas das cascas.
A pesquisa também comprovou que o látex da planta apresenta as mesmas propriedades e não compromete a espécie. É que geralmente os usuários costumam fazer o chá da casca ou coloca-la de molho para beber água.
Segundo Rebouças, o chá da casca quando armazenado por algum tempo resulta na proliferação de fungos, os quais produzem toxinas que danificam o sistema renal. No caso do látex misturado à água, se as características apresentar cor marrom, significa que também há presença de fungos. As cascas quando esbranquiçadas indicam que há também presença de fungos.
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