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Pesquisa mapeia espécies de insetos na área de proteção ambiental do Rio Machado

G1 - http://g1.globo.com/
Autor: Fernanda Rodrigues
07 de Fev de 2019

Pesquisa mapeia espécies de insetos na área de proteção ambiental do Rio Machado
07/02/2019 08h11

Por Fernanda Rodrigues - Inconfidentes, MG

Estudo desenvolvido pelo Instituto Federal no Campus de Inconfidentes (MG) é o primeiro de diversidade biológica naquela região.

Pesquisadores do Instituto Federal do Sul de Minas, no campus de Inconfidentes (MG), estão empenhados em uma pesquisa inédita na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Machado. A intenção é mapear as espécies de insetos nativos da região. Desde que começou, em setembro de 2018, a pesquisa já identificou a possibilidade de novas espécies de insetos e tipos que podem estar ameaçados de extinção.

São analisados os mais de mil quilômetros quadrados de área. A APA é cortada pelo Rio Machado, que tem a extensão de mais de 211 quilômetros de leito. O rio banha 11 municípios do Sul de Minas, mas os trabalhos estão concentrados em Machado (MG), Poço Fundo (MG) e Fama (MG).

"Já tem muita coisa coletada. Temos, por exemplo, uma espécie de vespa, de marimbondo, que aparentemente não tem ocorrência no estado. E temos uma borboleta, que já enviamos material para parceiros da Unicamp, que provavelmente corre risco de extinção. A perspectiva é que ainda consiga muita coisa", explica o pesquisador do IF Marcos Magalhães.

Segundo Marcos, além as espécies de marimbondos e borboletas, são mapeados tipos de aracnídeos e libélulas.

"Tem um grupo de libélulas que só ocorre em áreas de floresta bastante conservada. Se a floresta é impactada, tem desmatamento, esses bichos tendem a desaparecer. Nós encontramos pelo menos duas espécies deste grupo lá, o que é um bom indicativo pra APA".

Estudos raros
O trabalho que define a fauna do sistema local nunca foi feito, desde a criação da APA em 1999. O pesquisador Marcos Magalhães, que responde pela coordenação do estudo, tem uma experiência de mais de 15 anos de campo, com presença em parques estaduais e nacionais.

Ao lado dele, trabalha todo o núcleo de zoologia do Instituto Federal de Inconfidentes, com 10 alunos. Também foram feitas parcerias com a Universidade de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O trabalho de coleta em campo é feito em dois dias por mês. O restante da pesquisa consiste na análise do material coletado.

Do ponto de vista dos pesquisadores, apesar de vários estudos relacionados à fauna e flora brasileiras, as pesquisas sobre invertebrados nas áreas de proteção são raros. "O pessoal costuma dar ênfase aos vertebrados nos levantamentos científicos. Mas os invertebrados são relevantes nos ecossistemas aquáticos e terrestres para se entender a diversidade biológica do local".

Início do projeto
A ideia começou com o professor Luiz Flávio Reis Fernandes, que hoje é diretor geral do campus de Inconfidentes. Natural de Machado, Luiz já atuou na área de meio ambiente e notou a carência de estudos ambientais na região da APA do Rio Machado.

"Por volta de 2007, mapeamos toda a calha do rio, fomos até a nascente, coletamos amostra de água. A partir disso, começamos a desenvolver trabalhos práticos, inclusive de recuperação de nascentes", conta.

Em 2010, Luiz assumiu um cargo no Instituto Federal. Desde então, queria voltar a desenvolver os trabalhos na região da APA. "No ano passado, a gente propôs deles desenvolverem um trabalho na pesquisa na área deles na bacia do Rio Machado. Nós sabemos o potencial daquela área. Calhou com esse trabalho que casa muito com a questão do desenvolvimento sustentável regional, um dos objetivos do IF".

Preservação da fauna e história
O professor Marcos defende este tipo de estudo para criação de inventários sobre a fauna brasileira. "Sem este tipo de levantamento, a gente não sabe traçar estratégias. Esses estudos são vitais para que a gente tenha a conversação dessa área. Isso também acaba interferindo na conservação das áreas agrícolas", explica.

Para o pesquisador, as culturas tradicionais do Sul de Minas, como o café e a batata, também depende deste tipo de análise do meio ambiente. "Sem esse serviço, a gente precisa de mais extensivos agrícolas, a gente tem um custo maior de produção, e de uso de substâncias químicas que têm efeito colateral na nossa saúde".

"Também é um meio de mostrar à sociedade que as unidades de conservação têm um valor imensurável, mas se nós não formos lá, a imagem que fiz é de um monte de mato, que pode ser usado para agricultura, que não tem função nenhuma".
A previsão é que os trabalhos sejam concluídos no mês de agosto.

https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2019/02/07/pesquisa-mapeia…

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