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Pesquisa com as Terras Pretas de Índio nas margens do Rio Xingu - RSS

Embrapa embrapa.br
26 de Jun de 2017

O pesquisador Wenceslau Teixeira, da Embrapa Solos (Rio de Janeiro, RJ), esteve na região do Médio Xingu (PA) entre os dias 16 e 21 de abril. "O convite para a viagem partiu do arqueólogo Wagner Veiga, que desenvolve estudos nesta área há vário anos", conta Wenceslau.

Civilizações que habitaram as margens do rio Xingu há séculos e mesmo milênios deixaram um legado: os solos modificados pelo homem (solos antrópicos), conhecidos localmente como Terras Pretas de Índio (TPI). Essas terras possuem alta fertilidade e elevados estoques de carbono. Foram criadas pela adição de minerais provenientes de resíduos de alimentos (cascas, folhas, ossos, sangue, fezes) e modificadas pelo uso do fogo, formação de cinzas e carvão. Pesquisadores buscam uma compreensão de como esses horizontes de solos se formaram e se mantiveram férteis numa região de alta precipitação e perdas de nutrientes do solo como a Amazônia. Com este conhecimento, poderemos tentar replicar o processo e criar horizontes de solos férteis e com elevados estoques de carbono. Para isto, o entendimento dos mecanismos de preservação dos nutrientes da fertilidade das TPI é crucial.

Na região do sudoeste Amazônico, há ocorrências de centenas de sítios arqueológicos, denominados de geoglifos, entretanto não há registros de ocorrência dos horizontes escuros típicos da TPI naquela região. Isto intriga os pesquisadores "Será que nunca houve os horizontes escuros lá ou eles simplesmente não resistiram e despareceram, e os minerais foram mineralizados e lixiviados?" pergunta Wenceslau. "Estas observações nos fazem questionar o modelo de criação dos horizontes antrópicos baseados unicamente no acúmulo de resíduos orgânicos da vida cotidiana. Eu acredito que há alguma coisa mais a ser descoberta neste processo de formação das TPI". As descobertas de estudos anteriores de que os nutrientes adicionados ao solos ficavam retidos em cargas criadas em sustância orgânicas carbonizadas (carvão orgânico ou black carbon) levaram a uma nova linha de pesquisa mundial conhecida como pesquisas com biochar ou biocarvão. "Entretanto varias pesquisas mostraram que os resíduos carbonizados podem não resistir por centenas de anos, alguns não resistem a décadas". Então estamos em busca de outros mecanismos que nos ajudem a elucidar a manutenção da fertilidade das TPI."

A região do médio rio Xingu, foi pouco pesquisada quanto à existência de TPI e suas características, sendo um dos locais na Amazônia onde existem solos férteis naturais na terra firme, as Terras Roxas da Amazônia, esta região se torna atrativa também por este motivo. Porque civilizações criariam os férteis horizontes das TPI, quando os solos já são férteis naturalmente? "Estas observações, em conjunto com pesquisas desenvolvidas nas férteis várzeas da Amazônia, nos levaram a propor a hipótese que as TPI foram criadas por um manejo intencional de resíduos orgânicos, e que acabou criando solos férteis. Mas o objetivo original não era aumentar a fertilidade do solo.", conta Wenceslau.

Os dados provenientes da região do médio Xingu permitirão ampliar o conhecimento dos horizontes antrópicos (TPI) em solos com diferentes substratos geológicos e na identificação dos mecanismos da manutenção dos nutrientes em ambientes com alto potencial de perdas por lixiviação.

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