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Permanência das fazendas traz graves prejuízos à saúde dos Yawaripë

Boletim CCPY
01 de Ago de 2001

Alcoolismo e malária são dois dos principais problemas enfrentados pelas famílias indígenas do Ajarani

Degradação ambiental e conflitos pela posse dos recursos naturais são apenas duas das visíveis conseqüências prejudiciais ao modo de vida dos Yawaripë provocadas pela longa permanência de fazendeiros e posseiros no vale do Ajarani. Outros problemas, com grandes impactos sobre sua saúde, têm sido registrados ao longo dos anos. Um exemplo é a arregimentação de índios como mão-de-obra para as fazendas e sítios: além de trabalharem em condições que não observam as mais elementares regras do direito trabalhista, esta relação tem favorecido a introdução de hábitos nefastos entre as famílias indígenas, como o consumo recorrente de bebidas alcoólicas.

De acordo com o médico Cláudio Esteves de Oliveira, presidente da Urihi Saúde Yanomami – entidade que atende a 52% dos Yanomami no Brasil, dentro do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami -, muitos índios consomem os poucos recursos que recebem por seu trabalho nas fazendas em bebidas alcoólicas, vendidas sem restrições em bares de Caracaraí (município cuja sede fica próxima ao Ajarani, fora dos limites da Terra Indígena Yanomami). O alcoolismo, segundo o médico, é um dos grandes problemas de saúde enfrentados pelos Yawaripë do Ajarani.

As condições de saúde da população indígena do Ajarani são consideradas indiscutivelmente péssimas pelos profissionais da Urihi se comparadas com a realidade de outras regiões da Terra Indígena Yanomami. Um exemplo é o caso do Demini, uma maloca localizada também às margens da Perimetral Norte, de características ecológicas semelhantes às do Ajarani, mas por estar afastada do trecho inicial tomado por posseiros, conseguiu manter-se livre da degradação ambiental provocada pela exploração agropecuária que marcou a história dos Yawaripë. Em 2000, foram verificados apenas dois casos de malária em uma população de 117 índios que vivem no Demini. No mesmo período, foram registrados 57 casos de malária entre os 51 Yawaripë que habitam o Ajarani – ou seja, mais de um registro por indivíduo.

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