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Pegada hídrica do planeta só cresce

O Globo, Ciência, p. 34
15 de Mar de 2011

Pegada hídrica do planeta só cresce
Especialista condena modo como recurso natural é usado pela indústria

Marcelle Ribeiro

Mesmo com a crescente preocupação com as mudanças climáticas, as empresas ainda vão demorar pelo menos dez anos para se conscientizar sobre o consumo sustentável de água no processo produtivo e para diminuir a quantidade do líquido usado na fabricação de seus produtos, na opinião de Arjen Hoekstra, criador do conceito de pegada hídrica. Hoekstra está no Brasil para explicar melhor para empresas brasileiras sobre o indicador do uso indireto ou direto de água doce por um consumidor ou um produtor.
A pegada hídrica de um produto representa o volume de água doce usado ao longo de toda a cadeia produtiva. Em uma xícara de café, ela corresponde a 140 litros de água - esta é a quantidade do líquido necessária no plantio e produção da bebida. Um quilo de carne bovina gasta 15.500 litros. Quanto menor a pegada hídrica de um produto ou um país, melhor.
Segundo Hoekstra, já há empresas empresas brasileiras - como Ambev e Natura - interessadas em entender o conceito, para aplicá-lo na prática.
- Primeiro, os empresários precisam entender o conceito de pegada hídrica, explorá-lo nos seus produtos e depois formular padrões de redução e alcançá-los. Isso é algo que vai levar uns 10 anos - calcula Hoekstra.
Para o especialista holandês, o Brasil não está melhor nem pior do que a comunidade internacional que outros países no que se refere à maneira como usa a sua água. O país não causa uma preocupação especial. A pegada hídrica de um consumidor brasileiro, segundo seus cálculos, é de 3.780 litros por dia, considerando o que se consome em casa (5%) e em produtos industriais e agrícolas (95%). No Reino Unido, esse valor é de 4.650 litros diários.
Como o Brasil exporta produtos que consomem muita água, como a soja, isso gera debates de como usar o líquido de maneira eficiente.
- A pergunta que tem que ser feita é: será que quero alocar os últimos recursos hídricos disponíveis para plantar soja? - questiona.
Na opinião de Hoekstra, a água no mundo não vai acabar totalmente, mas seu uso aumentará anualmente e sua falta em determinadas regiões ficará mais grave.

O Globo, 15/03/2011, Ciência, p. 34

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