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Pau-rosa vai ganhar proteção

GM
Autor: Márcia Valéria
14 de Jan de 2001

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Amazônia Ocidental, e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) vão propor ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) a criação de uma área de proteção ao pau-rosa no município de Silves (200 quilômetros de Manaus em linha reta), onde existem árvores remanescentes dessa espécie em extinção. A proposta faz parte do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento da Tecnologia Agropecuária (Prodetab), financiado pelo Banco Mundial, que busca soluções para a preservação da espécie. Silves já foi um dos maiores produtores brasileiro do linalol (essência extraída do pau-rosa utilizada na indústria de perfumaria) da Amazônia. Chegou a exportar o produto em grande escala para a França na década de 60 do século passado. A extração desordenada praticamente acabou com as árvores naquele município e em outras áreas produtoras da Amazônia. Hoje o Amazonas é o único Estado da região e do Brasil onde ainda é verificada a ocorrência de pau-rosa. Nesta quinta e sexta-feira pesquisadores das duas instituições e usineiros amazonenses, que exploram o pau-rosa, estarão reunidos no Centro de Treinamento em Extensão Rural (Centrer), da Embrapa, para avaliarem os resultados Prodetab. Segundo a coordenadora do projeto pela Embrapa, Ângela Conte Leite, é a primeira vez que os usineiros se unem aos pesquisadores para buscarem uma solução para evitar a extinção da espécie. Resultados preliminares do Prodetab revelam que os estoques naturais de pau-rosa que existiam nos municípios de Manaus, Presidente Figueiredo (107 KM da capital em linha reta), Itacoatiara (170 KM de Manaus em linha reta) e Silves estão praticamente esgotados. As árvores que restam estão cada vez mais distantes e difíceis de serem encontradas. De acordo com Ângela, em Silves estão os estoques mais expressivos e que devem ser preservados para garantir a continuidade da espécie. ´Naquele município foi verificado a presença de arvores centenárias de pau-rosa´, informa. A pesquisadora alerta que a manutenção do pau-rosa depende da adoção de medidas sérias que alterem o processo atual de exploração como um todo. A solução está no plantio de novas áreas e no manejo adequado. Uma das alternativas que está sendo avaliada pela Embrapa é trabalhar a exploração do pau-rosa por meio da poda dos ramos. ´Hoje a exploração acontece através do corte raso, ou seja derrubada completa da árvore. Estudos realizados já demonstraram que a eficiência dos ramos e folhas para a extração do linalol é a mesma da madeira´, diz. O que será estudado agora, informa, é a eficiência desta técnica em termos de quantidade. Os pesquisadores calculam que durante 40 anos cerca de 2 milhões de árvores foram abatidas na Amazônia para suprir as encomendas de linalol. A partir de 1970, a exploração concentrou-se no Amazonas devido a escassez da espécie nos demais estados e países amazônicos. O pau-rosa já se esgotou na Guiana, Pará e Amapá. ´Finalmente os usineiros perceberam que chegou a hora de mudar a forma de exploração se quiseram garantir a continuidade dessa atividade´, afirma Ângela. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a produção estadual está estabilizada em 250 tambores de óleo por ano. Do pau-rosa é extraído o linalol essência que faz parte do bouquet de perfumes francês, entre eles o Chanel no 5.
(Márcia Valéria-Gazeta Mercantil - Manaus - Amazonas-14/05/01)

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