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Patente prejudica pesquisas com cupuaçu

Jornal do Commercio-Manaus-AM
Autor: Cristiane Barbosa
17 de Fev de 2003

A patente do cupuaçu por empresas estrangeiras poderá prejudicar o mercado local em negócios futuros. O empresariado amazonense que explora a polpa e as sementes está revoltado e exige uma atitude das autoridades políticas para reverter a situação. Tanto produtos comestíveis derivados do fruto quanto cosméticos foram registrados como exclusividade da japonesa Asahi Foods, de Kyoto, com patentes sobre a extração do óleo de semente do cupuaçu e a produção do chocolate de cupuaçu (o cupulate). O nome cupuaçu foi registrado também na União Européia e Estados Unidos, criando barreira de comercialização de qualquer produto ou subproduto originado do fruto.

Outra empresa a "The Body Shop International Pic", do Reino Unido, detém no país os direitos sobre qualquer composição cosmética incluindo extrato de cupuaçu. "Isso representa um prejuízo muito grande não só para o empresariado, mas para os ribeirinhos que estão plantando muito cupuaçu", disse o empresário da empresa Bombons Finos da Amazônia, Jorge Alberto Coelho.

Só a Bombons Finos consome cerca de 2,5 toneladas por mês da polpa de cupuaçu na elaboração de salames, geléias e também do recheio dos bombons.

Registro foi surpresa

O empresário afirmou que há cinco anos tentou patentear a bala de cupuaçu junto ao Sebrae (autorizado para registrar) e não conseguiu. "Informaram que não seria possível por ser de domínio público, mas essa situação foi uma surpresa para nós", destacou.

A diretora da Cupuama, Fátima Sales, também vê dificuldades nos negócios por conta do registro do cupuaçu. "Essa patente é uma de nossas principais preocupações, porque vem ocorrer justamente em uma fase avançada de pesquisas científicas envolvendo o cupuaçu", destacou.

Fruto é todo aproveitado

No ano passado, a empresária participou do Amazontech , onde houve a primeira mostra da fabricação do cupulate pela Embrapa de Belém. Segundo Sales, já há tecnologia para o desenvolvimento do chocolate a partir da semente na Amazônia, mas a patente por estrangeiros precisa ser derrubada.

Na visão de Coelho, esse assunto não pode ficar restrito a esfera regional porque se trata de .assunto muito sério. "Hoje já conseguimos aproveitar quase tudo do cupuaçu. Até a casca do fruto é empregada em artesanato", enfatizou o empresário. Para Coelho, é importante e urgente que as autoridades revertam a situação em prol do Brasil e da população da Amazônia.

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