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Pataxós retomam áreas de fazendas

A Gazeta-Vitória-ES
05 de Ago de 2001

Cansados de esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue uma ação de reintegração de posse impetrada há 19 anos pela Fundação Nacional do Índio (Funai), os índios da tribo Pataxó Hã-Hã-Hãe, do extremo sul da Bahia, vão fazendo justiça com as próprias mãos. Desde 1982 eles vêm empreendendo uma árdua e sangrenta luta com o objetivo de retomar uma área de 54.100 hectares que originalmente pertenceu à tribo, mas foi invadida por fazendeiros nos anos 50 com a aprovação do Governo do Estado à época que doou Títulos da Terra aos invasores 20 anos depois.Das 398 fazendas que integram o território indígena, os Pataxó já recuperaram 27 em meio a muitos conflitos que lhe custaram a vida de pelo menos 13 líderes da comunidade, sem punição dos culpados. O índio Galdino de Jesus é um dos mártires da luta dos Pataxó pela terra. Ele foi assassinado (queimado por um grupo de adolescentes) em 1997 em Brasília, onde fora cobrar do STF agilidade na apreciação do processo. Só no dois últimos meses os Pataxó Hã-Hã-Hãe ocuparam 12 fazendas, duas delas na semana passada e prometem continuar com as invasões até obterem reintegração total de suas terras.Haroldo Heleno, membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Itabuna, conta que durante muitos anos a Funai se manteve omissa ao drama dos índios na região.De acordo com o missionário do Cimi, o mais grave é o fato de se tratar em maioria de terras improdutivas, fazendas abandonadas a partir do agravamento na crise na lavoura cacaueira. "Muitos fazendeiros sequer sabem onde ficam suas terras", diz. É o caso das duas últimas retomadas nos dias 25 e 27 de julho que não fazem parte das terras vistoriadas pela equipe técnica da Funai. "As fazendas estavam completamente abandonadas", diz.Na Funai, as informações são animadoras. O técnico em agricultura e pecuária, Antonio Manuel da Silva revela que existem R$ 1,2 milhão depositados na conta da Funai para serem utilizados na indenização de 43 fazendas apontadas pelos Pataxó como área prioritária.

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