Correio da Bahia-Salvador-BA
29 de Mai de 2002
Uma informação de última hora em plena reunião dos índios pataxós hã-hã-hães na aldeia Caramuru Catarina-Paraguaçu, região de Pau Brasil, no extremo sul da Bahia, com representantes do povo indígena, levou mais de 200 índios a ocuparem três fazendas na última segunda-feira. A notícia dava conta de que um grupo de pessoas, formado por representante do Ibama, Polícia Federal e uma antropóloga, estava investigando uma denúncia de desmatamento na área indígena. Segundo o integrante da equipe do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Eduardo Oliveira, os índios,desconfiados, seguiram para o local do desmatamento, expulsando trabalhadores de três fazendas.
Ontem, outras fazendas foram ocupadas e a tendência é deslanchar novo conflito entre índios e fazendeiros. Como explica Eduardo Oliveira, os fazendeiros que haviam negociado com os pataxós e a Funai, se comprometendo a deixar as terras dentro da área indígena de 54 mil hectares, quebraram o acordo em função da subida do preço do cacau. Quando deixaram as fazendas, produtoras de cacau, o produto estava desvalorizado. Agora, com a elevação do preço, os fazendeiros tentam retornar às fazendas para colher a lavoura, que também é de interesse dos índios.
A situação está gerando um clima tenso na área. O Cimi teme mais um conflito na região, pois os índios querem a saída dos fazendeiros e estes, por sua vez, a retirada dos pataxós. Na manhã de ontem, representantes indígenas foram ao local, onde não existe meio de
comunicação, pois o único contato é um telefone público que não está funcionando.
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