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PATAXÓ É TORTURADO PELA POLICIA DO PRADO

Cimi-Eunápolis-BA
17 de Set de 2002

Após violento ataque de um grupo de pistoleiros, acompanhado de agentes das Polícias Civil e Militar do Prado na madrugada do dia 15, culminando com a expulsão das famílias Pataxó da aldeia Pequi sob forte tiroteio, destruição de habitações, agressões físicas e a prisão de seis índios daquela comunidade, foram localizadas hoje dia 17, algumas pessoas que fugiram no momento do ataque. Quanto aos índios presos pela Policia do Prado, até o momento somente um foi solto por ser cardíaco e ter a idade avançada, assim mesmo após ter recebido socos e pontapés por todo o corpo durante o período em que ficou detido(mais de 48 horas), sob forte pressao psicológica e clara evidência de tortura física. O índio Euviro Pereira dos Santos conseguiu chegar até a vila de Cumuruxatiba, onde foi recebido pelos parentes que o encaminharam para as denúncias na Polícia Federal em Porto Seguro e realizar os exames necessários, já que todos os seus parentes exigem justiça para que seja apurado os casos envolvendo a policia do Prado, sobretudo o Delegado da Civil Willian e o agente da PM Valcin que atendem na delegacia daquele município e tem atuado de forma ilegal a mando dos fazendeiros da região, ameaçando e agredindo os índios. Três dias depois do ocorrido, os índios estão impedidos de retornarem à área, já que a ameaça continua e o fazendeiro Normando de Carvalho, mandante do ataque criminoso permanece com homens armados com o propósito de evitar que os índios voltem para a sua terra, apesar da área estar em litígio conforme processos na justiça federal em Ilhéus que garante a posse temporária dos índios. Existem notícias que haveriam dois índios mortos, mas o fato ainda não pode ser confirmado por ninguém ter acesso ao local do crime, já que o órgão responsável pela questao indígena, Funai diz que só irá até ao local acompanhado da Polícia Federal, devido ao clima de tensão e o forte armamento dos pistoleiros, conforme informou as lideranças indígenas da aldeia do Pequi, que estão em Eunápolis. Pressionando a Funai para as devidas providências. O Cimi - Conselho Indigenista Missionário, através da sua equipe na região já havia alertado para a gravidade da violência contra os Pataxó na região extremo sul da Bahia e denunciado a articulação dos fazendeiros com o poder político e militar local, que tem tentado a todo custo barrar o avanço da luta Pataxó pela regularização de suas terras e garantia dos seus direitos constitucionais. A ação dos Pataxó tem provocado reações que mexem com o poder econômico local baseado no latifúndio, na monocultura do eucalipto e grandes empresas de turismo, uma vez que o que está em disputa é a posse da terra. Para o Cimi, a demarcação da terra dos Pataxó é uma questão de tempo e justiça e a única forma de garantir a paz e a tranqüilidade àquele povo, expulsos desde a década de 1950 de seu território tradicional na região do Monte Pascoal e seu entorno.

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