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Pastoral pede respeito aos indígenas

Folha de Boa Vista- Boa Vista-RR
06 de Dez de 2002

O coordenador da Pastoral Indigenista, Carlos Zacquini, disse não entender o tumulto criado por causa da demarcação da área indígena Raposa/Serra do Sol. Informou que a maior preocupação das entidades defensoras da causa indígena é que sejam respeitados os direitos constitucionais e lamentou que vários segmentos da sociedade ainda tratem algumas questões relacionadas ao tema de forma preconceituosa.

Conforme Zacquini, na questão das terras, tanto a Pastoral Indigenista quanto a Igreja Católica entendem que a lei deve ser respeitada. Afirmou que desde o início a luta destas e outras entidades visa o cumprimento do ordenamento jurídico sobre o assunto.

"Quem faz a lei não somos nos, os índios ou outras pessoas, mas, os políticos, aqueles que fizeram a Constituição e leis ordinárias como representantes do povo e do país nessa instância da legislação e o Judiciário deve fazer cumpri-las. Lamentavelmente, há leis que não são respeitadas e nós estamos tentando fazer com que elas sejam respeitadas na questão indígena".

Outra contestação feita pelo coordenador da Pastoral Indigenista refere-se ao dado apresentado pelos rizicultores de que apenas 4% do território do Estado estejam disponíveis para o setor produtivo. Alega que o número é diferente daquele que a entidade dispõe sobre a mesma questão, de maneira inversa.

"Pelo o que entendemos, apenas 4% do território produz alguma coisa, o restante não está produzindo nada. Quanto à existência de núcleos produtivos dentro das terras indígenas, em primeiro lugar achamos que seja um abuso, porque ali foram instalados burlando a lei, com apoio das autoridades locais", comentou.

Zacquini defende que esta situação não deveria ocorrer enquanto as terras não estivessem regularizadas. Para ele, a primeira coisa a ser feita é ordenar a questão fundiária, delimitando claramente o que é área indígena, oferecendo uma visão mais clara do quadro. Disse que assim os índios compreenderão com mais clareza o que é ou não possível fazer.

"Os índios sabem o que são vantagem e desvantagem e em dado momento poderão negociar certas coisas. Porém, a meu ver, a demarcação é fundamental", afirmou. "Porque algumas questões são colocadas de forma preconceituosa em relação aos índios, dando a entender que são incapazes de desempenhar papéis de forma inteligente".

O coordenador disse que caso os índios tenham assessoria e cursos de boa qualidade poderão fazer tudo o que os "brancos" fazem, por serem adaptados à região e cuidarem da natureza melhor que os não índios. "Acredito que os índios podem ser um motor do progresso de Roraima e do país. Não se pode pensar que eles estejam a reboque do branco. O preconceito é tão grande que em algumas ocasiões dizem que eles só adotam determinadas atitudes porque alguém orienta para que façam".

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