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PARTEIRAS TRADICIONAIS INDÍGENAS DE RORAIMA SE REÚNEM PELA PRIMEIRA VEZ

CIR-Boa Vista-RR
18 de Jul de 2003

Resgatar, valorizar e fortalecer a luta como categoria, essa foi a meta do primeiro Encontro Estadual de Parteiras Tradicionais Indígenas realizado na Casa Paulo VI, em Boa Vista, no período de 15 à 18/07. O encontro foi organizado pelo Conselho Indígena de Roraima- Saúde em parceria com o Grupo Curumin (Organização Não-governamental de Pernambuco.

A coordenadora do Programa de Saúde da Criança e da Mulher, Gilvanice Baldez Duarte disse que a partir desse encontro, o CIR vai poder identificar, mostrar o trabalho e experiência das parteiras que atuam no Distrito Sanitário Leste-DSL. " Além da troca de experiência, durante cinco dias de encontro, as parteiras tiveram a oportunidade de se reconhecer como uma categoria de grande importância na comunidade, inclusive resgatando a auto-estima", argumenta Gilvanice.

A idéia da realização desse encontro se deu depois que o CIR verificou que muitas mulheres não querem ter partos na aldeia e preferem ir para cidade. Isso acaba desvalorizando o trabalho das parteiras. Por isso, a importância de resgatar a figura da parteira e incentivar o parto natural.

O encontro teve a participação de 160 parteiras. Sendo que 13 são homens. Para o pajé e tuxaua da aldeia Uiramutã, Orlando Pereira o momento foi apropriado para o surgimento de " novas idéias e troca de experiência". Relatou que como pajé ajudou a realizar vários partos em sua comunidade. É comum, o pajé ajudar com suas orações e remédios , principalmente, partos considerados de alto risco.

Uma personagem que chamou à atenção no encontro pela sua experiência e idade é a macuxi da aldeia Maturuca, Maria Luzia de Sousa, 77 anos. Ela só fala a língua materna, mas esteve sempre firme e alegre participando de todas as atividades realizadas no encontro. Desde moça é parteira, missão herdada de sua mãe. " Já fiz tanto parto, que perdi a conta", salientou Maria Luzia.

No meio de tanta experiência há aquelas mais jovens como Ilza Pereira da Silva, 25 anos, da aldeia Lago Verde, região das Serras. Como ainda está no início da carreira, contabiliza dois partos normais , mas conta que auxiliou em outros realizados no posto de saúde de sua comunidade. " É muito bom a gente contribuir com a vinda de outra pessoa ao mundo", argumentou a jovem parteira.

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