VOLTAR

Parques sem manutenção

Diário da Manhã - http://www.dm.com.br
Autor: Aparecida Andrade
01 de Out de 2014

Goiânia é a cidade com maior área urbana verde do País. Possui o titulo de "Cidade Modelo Ambiental". O planejamento correto e a implantação e conservação de parques públicos se revelam importantes colaboradores para o título de segunda cidade mais arborizada do mundo, perdendo apenas para Edmonton, no Canadá. No entanto, o abandono, a falta de segurança e manutenção em alguns parques, na Capital, tem impedido que esses lugares sejam visitados pela população.

Os parques urbanos são áreas verdes que trazem qualidade de vida à comunidade podendo proporcionar contato com a natureza, qualidade ambiental, bem como a realização de atividades físicas e de lazer. Promovendo benefícios físicos, psicológicos e sociais a seus adeptos, quando estes se encontram adequados.

De acordo com o engenheiro florestal da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Antônio Esteves dos Reis, Goiânia conta com 219 áreas públicas municipais, destas, 32 são parques implantados e as demais são áreas destinadas à implantação de mais parques.

A reportagem do Diário da Manhã visitou alguns destes parques e pôde constatar algumas inconformidades que desagradam os visitantes. No Parque Vaca Brava, por exemplo, um dos mais frequentados da cidade, moradores que todos os dias usam a pista de cooper reclamam da falta de manutenção das calçadas em alguns trechos, mau cheiro e acúmulo de lixo.

Mas esses são detalhes pequenos se comparados com o estado em que se encontram outros parques na cidade. Caso este do Parque Cascavel, localizado na região sudoeste de Goiânia; inaugurado, em 2010, o parque se tornou um cartão-postal da cidade. Mas não demorou muito para surgir aquele que viria ser o problema mais grave do parque. O lago que existia no local foi assoreado devido a falhas no sistema de drenagem.

Problemas

O problema se arrasta, há anos, e a cada dia o parque mostra-se mais decadente. A situação se agrava ainda mais com informações que dão conta de que no local ocorre o despejo irregular de esgoto. Para a estudante Larissa Rodrigues Caetano, 18 anos, que há 13, mora nas proximidades do parque e faz caminhadas, aos finais de tarde na pista de cooper, e lamenta acompanhar a degradação do lugar: "Aqui, antigamente havia um lago agora não existe mais. Aqui, dependendo do horário, exala um mau cheiro muito grande. Não posso afirmar se estão jogando algum esgoto aqui", observa.

Larisa conta que quando o parque foi implantado toda a comunidade viu com bons olhos a iniciativa que iria trazer beleza para o bairro e qualidade de vida aos moradores. Mas, não só Larissa como muitos que ali frequentam se mostram surpresos com o descaso com o lugar e até mesmo a própria população. "Ultimamente o parque não tem sido cuidado e, mesmo nas condições em que se encontra, muitas pessoas ainda o utilizam", diz.

A estudante resume em poucas palavras o que, na opinião dela, deveria ser feito para resolver o problema. "Acredito que as autoridades deveriam se preocupar mais com o meio ambiente, se o ser humano já interferiu, construindo o parque que, no mínimo, tenham o cuidado de preservá-lo, porque além de estar prejudicando não só a população, está prejudicando também a natureza, o meio ambiente e também sofre com isso", declara.

Abandono parcial

O Parque Jardim Botânico, localizado na Alameda do Contorno, no Setor Pedro Ludovico é a maior área de conservação da Capital com cerca de 100 hectares. No local existe uma grande mata com espécies nativas do Cerrado e animais silvestres. Para a geógrafa e educadora ambiental, Ana Paula Porto, 43 anos, por ser uma área ambiental ela é riquíssima em biodiversidade. "Existem várias espécies de fauna e flora", constata.

Para a educadora os principais problemas enfrentados pelo parque, hoje, está relacionado ao abandono parcial do lugar. Quando, por exemplo, não conta com a presença de guardas, o fato possibilita a frequência e presença de usuários de drogas com atos de vandalismos. Como relatado por ela, recentemente pessoas teriam ateado fogo em alguns pés de bambus gerando problemas. "Se houvesse guardas no local isso não teria ocorrido", lamenta.

Ana Paula observa ainda o estado de abandono e destruição em que se encontra o deck do parque o qual antes servia de entretenimento para os visitantes e agora ela descreve: "Por falta de manutenção e consequentemente segurança a prefeitura achou melhor retirar as tábuas por falta de manutenção, deixando o lugar em péssima situação", declara.

Anna Paula Aquino que costuma fazer caminhada no parque diz que gostaria de poder desfrutar mais do lugar, mas isso não é possível porque sente medo. "Gostaria de poder entrar na mata, apreciar a natureza, mas tenho muito medo, pela falta de segurança, o medo me impede de curtir a beleza do lugar com tranquilidade", admite.

Na opinião da geógrafa Paula Porto o mais importante, hoje, é que o parque volte a ser visitado pela população para que as mesmas possam se sensibilizar com a importância das questões relacionadas ao meio ambiente e com isso possam se sentir parte desse espaço com qualidade de vida. Mas para que isso ocorra ela descreve ser preciso haver mais atenção por parte do poder municipal.

"A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) conta com recursos para cuidar dos parques de Goiânia em parceria com outras secretarias, mas isso não tem sido feito. Eles deveriam dar mais estrutura com a finalidade de visar o turismo e lazer para os moradores da cidade e comunidade local", avalia.

A equipe de reportagem do DM também visitou o Parque Municipal Leolidio di Ramos Caiado situado no setor Goiânia 2 onde foram vistos problemas relacionados a descarte de lixo e vandalismos detectados em lugares que estão pichados. Já no Parque Campininha das Flores, que está localizado no Setor Campinas, uma possível falta de manutenção pode está provocando o assoreamento dos lagos. No local foi possível encontrar garrafas pet e sacolas plásticas. No Parque Flamboyant, localizado no Jardim Goiás, foi encontrado uma erosão relevante.

AMMA

De acordo com o engenheiro florestal da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Antônio Esteves dos Reis, uma das causas do assoreamento no Lago do Parque Cascavel está na existência de uma erosão, acima do lago, a principal causadora do assoreamento.

Neste caso, ele explica que, a solução do problema está em encontrar uma solução para contenção da erosão e a drenagem urbana do entorno do parque. E que para isso foi feito uma parceria da Amma e Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi) na qual foi contratada uma equipe multidisciplinar coordenada pela professora, Eufrosina Leão. "Ela elaborou um projeto para resolver o problema de forma definitiva relacionado ao assoreamento do lago", afirma.

Apesar da parte técnica já estar providenciada, Esteves observa que o maior entrave é o valor estipulado para execução da obra. "A execução desse projeto fica em torno de R$ 5 milhões e a prefeitura de Goiânia está buscando recursos para a implantação", declara.

Para o diretor de Fiscalização da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Gustavo Caetano Peixoto, as maiores dificuldades enfrentadas, hoje, na administração dos parques estão relacionadas ao apoio da Guarda Municipal De Goiânia e consequentemente a permanência do vandalismo nos parques. "A dificuldade maior que nós temos, hoje, tem a ver com o vandalismo, bancos são quebrados, torneiras roubadas, luminárias quebradas, placas pichadas, lixeiras arrancadas, todos querem um parque bonito, mas ninguém quer contribuir com a vigilância, não jogar lixo no chão", pontua.

Gustavo acrescenta que a população ainda não consegue conviver de forma harmoniosa e sustentável com as áreas de preservação. Sobre essa realidade Antônio Esteves diz: "Nós não conseguimos identificar esses infratores o que fazemos é contar com o apoio da Guarda Municipal. Infelizmente a questão do vandalismo está presente praticamente em todos os parques de Goiânia, nós gastamos cerca de R$ 1 milhão, por ano, em manutenção dos parques", revela.

Ainda reconhece que a presença da Guarda Municipal não é constante em todos os parques, sendo que em alguns funcionam 24 horas e em outros fazem apenas uma ronda. Sobre a manutenção dos parques ele informa que são feitas de acordo com a necessidade. "Como nós temos uma grande quantidade de áreas e nossa equipe é pequena, nem sempre a gente consegue dar manutenção a tempo", reconhece.

Em relação às imagens registradas pela equipe do DM, no Parque Campininha das Flores de abandono de entulhos que seria "supostamente" no parque Esteves disse que a informação não procede e acredita que o lixo não pertença ao parque. "Pode ser que o lixo esteja em uma área que não seja do parque", define.

http://www.dm.com.br/texto/192690-parques-sem-manutencao

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.