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Parque no Acre é alvo de corrida ao petróleo

OESP, Vida, p. A16
16 de Fev de 2007

Parque no Acre é alvo de corrida ao petróleo
Exploração do recurso na região gera polêmica

João Maurício da Rosa

O Parque Nacional da Serra do Divisor, na fronteira do Acre com o Peru, um dos locais mais biodiversos da Amazônia brasileira, está no centro de uma nova corrida ao petróleo. Ele receberá uma investida para exploração do recurso nos próximos anos, a partir da abertura de licitação de R$ 27 milhões para a contratação de uma empresa de prospecção pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

A notícia foi dada pelo senador acreano Tião Viana (PT) depois de encontro, na segunda-feira, com o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima. O senador nega que haja intenção de exploração dentro do parque. 'Tudo será feito onde o status legal permitir e com a consideração plena que o risco de dano ambiental será zero.'

Esta não é a primeira vez que o Vale do Juruá, onde fica o parque, é alvo desse tipo de atividade: houve duas tentativas frustradas nas décadas de 1930 e 1970. Uma de suas principais atrações é, ironicamente, um gêiser localizado pela Petrobrás quando perfurava o solo em busca de petróleo.

A ANP alega que o Estado está na vizinhança de uma região peruana onde são produzidos 110 mil barris de óleo por dia extraído por 13 empresas - entre elas a Petrobrás. Também confirma que tem planos de estudos no Estado, mas afirma que a pesquisa só acontecerá com a permissão do Ibama. A bacia não foi incluída no próximo leilão de energia.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza veta a exploração em parques nacionais. O fato é citado como critério de exclusão em uma apresentação sobre gestão ambiental disponível no site da própria ANP.

ESPERANÇA

O Acre sobrevive de repasses do governo federal. Uma eventual descoberta de petróleo representaria a redenção econômica do Estado, e já causa euforia no meio empresarial.

O presidente da Federação do Comércio, Leandro Domingos, acredita que só a prospecção geraria emprego e aqueceria os negócios no Acre, mesmo que nenhum poço seja encontrado. O mesmo diz o presidente da Federação das Indústrias local, João Salomão. Para ele, a prospecção cria negócios no setor de serviços e de aluguéis de máquinas e veículos.

O geógrafo Miguel Scarcello, presidente da SOS Amazônia, ONG que elaborou os planos de manejo, em 1998, e de uso público do parque, em 2002, se diz surpreso. O Acre tem investido num 'governo da floresta', que busca investimentos com impactos ambientais reduzidos.

Scarcello defende que o parque tem vocação para o ecoturismo. Embora fique numa área isolada do Brasil, acessível apenas por barco ou avião, o local recebe visitantes do mundo todo.

Colaboraram Cristina Amorim, Rosa Costa e Rodrigo Morais

OESP, 16/02/2007, Vida, p. A16

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