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Parque Nacional da Amazônia recebe expedições científicas

Conservation Internacional-Belo Horizonte-MG
08 de Out de 2004

Inventários biológicos vão subsidiar planos de manejo das unidades de conservação do Corredor Sul-Amazônico.

Itaituba-PA - Começa amanhã a primeira das cinco expedições científicas a três unidades de conservação de Itaituba, no sudoeste do Pará. Realizadas pela organização não-governamental Sapopema (Sociedade para a Pesquisa e Proteção do Meio Ambiente), com o apoio da Conservação Internacional (CI-Brasil), do Ibama-Itaituba e da Universidade Federal do Pará (UFPA-Campus Santarém), as expedições fornecerão subsídios para políticas públicas de conservação das áreas florestais do município.

Inéditas na região, as expedições configuram apenas uma etapa do primeiro projeto de conservação, com custo estimado em R$ 250 mil. Até 2006, serão desenvolvidas no Parque Nacional (Parna) da Amazônia e nas Florestas Nacionais (Flonas) de Itaituba I e II, atividades imprescindíveis para a construção e revisão dos Planos de Manejo Ecológico, como o mapeamento da biodiversidade e diagnósticos participativos das comunidades no entorno das áreas protegidas. Juntas, as três unidades conservam 1,5 milhão de hectares de floresta amazônica, compondo o Corredor de Biodiversidade Sul-Amazônico.

"Na primeira expedição, pretendemos estudar dois a três tipos de vegetação", conta Wilsea Figueiredo, presidente da Sapopema e chefe das expedições. "Na região banhada pelo rio Tapajós existem vários lagos, o que cria grande expectativa na pesquisa de anfíbios. Também há áreas localizadas na transição de dois tipos de vegetação, o que pode enriquecer bastante a amostragem", conclui.

O levantamento das espécies encontradas nas expedições fica a cargo de uma equipe, formada por 15 experientes pesquisadores, que reúne representantes da Universidade do Pará e de outras instituições de pesquisa do país, como a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal de Minas Gerais. O grupo é formado por especialistas em mamíferos, aves, insetos, anfíbios, répteis e plantas.

A comunidade local também está envolvida nas expedições. Os assistentes dos pesquisadores são estudantes do curso de licenciatura em Ciências Naturais da Universidade Federal do Pará, campus Santarém, e muitos são professores da rede pública de ensino de Itaituba. Além deles, barqueiros, cozinheiros e mateiros são moradores do município.

As três primeiras expedições serão realizadas no Parna da Amazônia. Em seus 994 mil hectares, o Parque ostenta uma impressionante beleza, com corredeiras e praias do rio Tapajós. A área também abriga rica fauna aquática e espécies ameaçadas de extinção como o tamanduá-bandeira (Mymercophaga tridactyla), o tatu-canastra (Priodontes maximus), o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus), a onça pintada (Panthera onca), a ariranha (Pteronura brasiliensis) e o peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis). Além disso, é reconhecidamente um dos melhores lugares do mundo para a observação de aves. Os registros apontam a existência de mais de 387 espécies.

O município de Itaituba tem 62.380 km2, o que equivale a quase uma vez e meia o território do Estado do Rio de Janeiro. Somente 18% de sua área estão em unidades de conservação. Em Santarém, por exemplo, essa proporção é de 25% e em alguns municípios do Amapá, como Serra do Navio, chega a 80%. "O estudo e a proteção dessas áreas é muito importante para garantir a existência dos recursos naturais da região no longo prazo - a água, o clima e a riqueza de espécies", diz Rogério Castro, biólogo da Diretoria de Ecossistemas do Ibama.

Na primeira expedição, que deve durar 20 dias, a equipe vai se instalar em uma área próxima à rodovia Transamazônica, que corta o sul do Parque em 87 km. No primeiro semestre de 2005, as duas outras expedições ao Parna acontecerão em áreas de mais difícil acesso e, portanto mais conservadas, onde é cogitado o auxílio de um helicóptero. As duas expedições finais, uma à Flona de Itaituba I e a outra à Flona II, ainda não têm datas definidas. Todas as informações coletadas ao longo dessas expedições vão ser compartilhadas com IBAMA-Itaituba e integrarão a coleção do Museu Paraense Emílio Goeldi, viabilizando novas pesquisas no estado.

A equipe das expedições, que conta sempre com mais de 20 integrantes, leva apenas o estritamente necessário para a estada na floresta. Mesmo assim, o grupo terá de carregar cerca de duas toneladas divididas em equipamentos, alimentos, água potável, material para acampamento e primeiros-socorros. A chefe das expedições, que também participará do inventário de mamíferos, adianta algumas regras do acampamento. "Devemos evitar que qualquer membro siga uma trilha sozinho. O único contato que teremos com o lado de fora será por meio de um telefone via-satélite e a alimentação será à base de grãos e outros alimentos não perecíveis".
(-Conservation Internacional-Belo Horizonte-MG-08/10/04)

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