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Parlamento Suruí: A política de um povo

Coiab - http://www.coiab.com.br/
18 de Fev de 2011

O povo Paiter Suruí elegeu no último dia 14, os representantes que faram parte do primeiro parlamento indígena do Brasil.

Terra Indígena Sete de Setembro - Com 1.200 habitantes, em uma área de quase 250 mil hectares localizados nos municípios de Cacoal - RO e Aripuanã - MT, é morada dos Paiter Suruí, que teve no mês de fevereiro, uma grande atividade política para determinar os rumos do povo, com relação às parcerias firmadas, e até mesmo o acompanhamento das políticas públicas, projetos sociais e os recursos que chegam as aldeias.

O Parlamento Suruí será o principal responsável por promover o diálogo entre os clãs Gameb, Kaban, Makor e Gamir, que formam o grande povo Paiter. De acordo com Almir Narayamoga Suruí, que é o líder maior do povo, conhecido como Labiway esaga, o Parlamento Suruí terá uma importância fundamental, pois será uma instância que atuará em todos os clãs. "O parlamento vai discutir com todo do povo Suruí a regulamentação e a gerência da Terra Indígena Sete de Setembro".

Esta Terra Indígena enfrenta a ameaça constante da invasão de madeireiros e caçadores ilegais. A falta de alternativas econômicas sustentáveis, de respeito pelos direitos indígenas e de uma política indigenista adequada por parte do Governo Federal também é um agravante. Entretanto, com todos esses problemas, os Paiter Suruí mantém suas tradições, o que lhes permite interagir com outros grupos Tupi-Mondé, do qual também fazem parte.

Os Suruí fiscalizam as suas terras, por meio de uma parceria com o Google Earth, que desenvolveu um programa de monitoramento da Terra Indígena. Esse povo também trabalha com o Fundo Carbono Suruí, que trata a respeito do carbono e a comercialização de crédito de carbono que é uma compensação em dinheiro paga por grandes empresas que emitem carbono na atmosfera com o intuito compensar suas emissões e preservar a natureza.

Abrindo as portas da floresta para o mundo, os Suruí divulgam como estão fazendo para proteger seu território. Com a venda dos créditos os Suruí pretendem investir em de carbono será revestida aos projetos sociais e ambientais que atenderão o povo. O assunto é um tanto polêmico, por não ter lei no Brasil que regulamente a venda, o que gera ainda muita discussão.

Antes do contato, os Paiter utilizavam uma política tradicional de organização. Desde 1988 a Associação Metareilá, tem exercido um papel fundamental nas conquistas do povo Paiter Suruí, que já estabeleceram importantes parcerias com organizações não governamentais e outros aliados da causa indígena.

O Parlamento Suruí terá como finalidade ampliar o debate sobre essas parcerias e os benefícios que eles trazem para o povo.

A Terra Indígena Sete de Setembro, através do Consórcio Garah Itxa, faz parte do corredor etnoambiental Tupi-Mondé, que tem a finalidade de proteger as terras indígenas e as unidades de conservação, e tem o povo Suruí como um dos guardiões do projeto. Cloude Correa, membro do IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil, coordenador do projeto, fala sobre a criação do parlamento, dizendo que os Suruí estão dando um exemplo significativo de tomada de decisão coletiva e democrática não apenas para os demais povos indígenas, mas também para toda a sociedade brasileira. "Por meio do parlamento, que contempla os interesses diversos dos clãs Suruí, será possível de modo mais representativo seguir com as ações de gestão do território indígena, da Terra Indígena Sete de Setembro. Os Suruí, portanto, deram mais um passo na jornada que estão seguindo rumo à sustentabilidade do território e a autonomia do povo", afirmou.

A cerimônia de posse dos Labiwayey Paiter, que compõe o Parlamento Suruí aconteceu no último dia 15, e teve a presença de vários aliados da causa indígena, e também a cobertura da mídia nacional e até internacional.

Para Marcos Apurinã, coordenador geral da COIAB, que foi um dos convidados para o ritual de posse do Parlamento Suruí, essa é uma construção de um novo espaço de diálogo entre o povo Suruí. "Uma realidade única. Para a COIAB a criação de um parlamento indígena neste país é um grande avanço, acima de tudo, é uma forma de dizer para a sociedade brasileira que nós também somos capazes de nos articular politicamente. Essa é uma prova de autonomia em busca da sustentabilidade. Assim vamos criar um mundo para todos e de todos".

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