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Paranhos é a terceira cidade do Brasil com mais suicídios de índios

Internacional News - www.internacionalnews.com.br
22 de Jun de 2015

O número de suicídios de índios no país no ano passado foi o maior nos últimos 30 anos. Chegou a um total de 135, sendo 48 só no Mato Grosso do Sul, envolvendo jovens de 15 a 19 anos. O estado que continua liderando o ranking de suicídios de indígenas, um problema que aconteceu com mais intensidade no final da década de 1990. A predominância é de índios Guarani Kaiowá, que também lideraram o trágico ranking em anos anteriores. O levantamento é do Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

A vida degradante, a falta de terra para cultivar e o preconceito podem ser as causas das mortes, segundo antropólogos. Segundo a antropóloga Lúcia Helena Rangel, responsável pela pesquisa que resultou no relatório "Violência contra os povos indígenas do Brasil", lançado na sexta-feira (19), os problemas também existem no Amazonas. No estado, conforme dados do Dsei (Distrito Sanitários Especiais Indígenas), foram registrados 37 casos em 2014, entre pessoas dos povos Tikuna, Kokama e Caixana. Além disso, ocorreram tentativas de suicídios no Amazonas, Paraná, Tocantins e Mato Grosso do Sul.

Mas a grande preocupação dos ativistas é com Mato Grosso do Sul. O relatório revela que, em 10 anos, aconteceram 707 suicídios somente no estado. A maior parte dos casos (38%) ocorreram em Amambai, próximo à fronteira com o Paraguai. Seguido depois por Dourados (17%), Paranhos (15%) e Iguatemi (12%). Nas três cidades a predominância é de índios Guarani Kaiowá, que também lideraram o ranking em anos anteriores. Também na região ocorreram os maiores e mais graves conflitos com fazendeiros, já que é uma área de plantação de soja.

"Os Guarani-Kaiowá sofrem intensamente os efeitos de um modelo de ocupação e de exploração de suas terras tradicionais pelo agronegócio", afirma Lúcia Rangel, em seu relatório. Segundo ela, a chamada ocupação produtiva do estado se deu a partir de estratégias sistemáticas de expulsão dos indígenas, de confinamento da população em espaços restritos, a partir de 1920. "Todo esse processo foi gerando os aglomerados de terras nas quais se estabeleceram grandes proprietários e empresas que hoje desenvolvem monoculturas de cana, soja e de outros produtos", explica a antropóloga, que classifica a situação como "gravíssima".

Conforme o relatório do Cimi, a situação vivida pelos índios Guarani-Kaiowá pode ser uma das causas do suicídio, principalmente de jovens. Os índices indicam que 36% dos casos envolviam pessoas de 15 a 19 anos e de 27% de indígenas de 20 a 29 anos. Também foram registrados, no ano passado, 17% de casos envolvendo crianças de 10 a 14 anos. As baixas faixas etárias podem ser explicadas pela falta de atendimento do poder público, além de viverem em confinamentos, sem lazer, sem educação, saúde, segurança e, principalmente, por não terem terra que sejam compatíveis com sua cultura.

As informações são do portal Fato Online

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