VOLTAR

A paralisia do Executivo e o aumento do desmatamento

O Globo, País, p. 4
01 de Set de 2019

A paralisia do Executivo e o aumento do desmatamento
Paralisia do governo faz avançar desmatamento na Amazônia, dizem pesquisadores
Problemas também têm relação com grilagem, garimpo ilegal e invasões de terras indígenas

Bernardo Mello

RIO - A paralisia do atual governo foi um motor para o avanço de queimadas e desmatamento na Amazônia, segundo pesquisadores ouvidos pelo GLOBO. De acordo com eles, esses problemas estão interligados ao agravamento de outras questões históricas na região, como grilagem, garimpo ilegal e invasões de terras indígenas.
A ecóloga Ima Vieira, do Museu Goeldi, no Pará, e o climatologista Carlos Nobre, pesquisador da USP, citam o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal (PPCDAm) como uma das principais iniciativas de longo prazo que se enfraqueceram. O PPCDAm, lançado em 2004, tem a meta de reduzir o desmate a 3,9 mil km² anuais até 2020 e está em sua quarta fase.
- Na lei, o PPCDAm continua. Mas há uma inação que abriu a porteira do desmatamento - disse Nobre.
Em março, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, enviou ofício a Ricardo Salles, titular do Meio Ambiente, pedindo que avaliasse a extinção de 23 colegiados, incluindo o responsável pelo PPCDAm. Na última semana, Salles sugeriu criar uma "força-tarefa pró-Amazônia" com atribuições semelhantes, o que foi entendido como mais um indício de descontinuidade do programa.
- O governo desacreditou o sistema de prevenção ao desmatamento. Deu a entender que vale tudo, que ninguém será punido - disse Ima.
Marcio Santilli, do Instituto Socioambiental (ISA), avalia que as invasões a terras indígenas têm ido além da extração ilegal de madeira e se tornado objetivo de grileiros, interessados em negociar partes dessas áreas. O presidente Jair Bolsonaro já afirmou que não demarcará novas reservas e sugeriu a abertura desses territórios ao garimpo. Para Santilli, os sinais do presidente aprofundaram um "vácuo de gestão" na política indigenista, que já vinha dos governos Dilma e Temer:
- A ausência de Estado desperdiça o potencial empreendedor existente nas terras indígenas e condena os índios a essas frentes predatórias.

O Globo, 01/09/2019, País, p. 4

https://oglobo.globo.com/brasil/paralisia-do-governo-faz-avancar-desmat…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.