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PARABÓLICAS

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
13 de Fev de 2004

Pode até existir algum exagero, mas essa história do incêndio de três residências na Comunidade do Contão deve ser apurada com extremo rigor. Índios daquela comunidade acusam seus parentes favoráveis à demarcação da Raposa/Serra do Sol, como autores do crime que poderia, inclusive, ter resultado na morte de algumas pessoas. O clima tenso criado na região é de absoluta responsabilidade do Governo Federal, através do Ministério da Justiça e da Funai, uma autarquia a ele subordinada.
Faz muito tempo que se adverte sobre a possibilidade de conflito étnico entre os indígenas roraimenses, caso não se busque uma solução negociada para o imbróglio da demarcação das reservas, principalmente da Raposa/Serra do Sol. Mesmo assim, tangido pela pressão das ongs internacionais, de alguns governos estrangeiros e mesmo de maus brasileiros ávidos por reconhecimento externo, o Governo Federal teima em desconhecer os terríveis desdobramentos que, sem qualquer dúvida, vão introduzir no Brasil as guerras étnicas.
O pior de tudo é que muito antes do que se imaginava, o estado brasileiro está perdendo a condição de mediador no conflito instaurado na região. Fruto da parcialidade de seus dirigentes, que teimam em não dialogar com as comunidades que não seguem as diretrizes da Igreja Católica, a Funai já não é acreditada pela maioria dos índios que vivem em Roraima. Em vez de mediar, a Funai toma partido e discrimina quem contraria a decisão das ongs e não concorda com o isolamento das comunidades.
O descrédito da Funai corrói a autoridade do estado nacional, e por via de conseqüência, abre um perigoso corredor para que tais conflitos entre os índios sejam mediados por organismos internacionais, num prazo bem mais curto do que se imagina. Quem viver verá.

NÃO SERÁ 1
Um boato sobre a possível decisão da Secretaria Estadual de Educação de entregar ao Conselho Indígena de Roraima -CIR, a tarefa de distribuir a merenda escolar nas escolas das comunidades indígenas arrepiou a base política do governo. Deputados estaduais e dirigentes empresariais ameaçaram reagir à decisão, inclusive, através de medidas judiciais.

NÃO SERÁ 2
Na verdade, o boato não tinha algum sentido, mas o assunto fora apenas ventilado na reunião de lideranças indígenas ligadas ao CIR, na Comunidade de Maturuca. O CIR chegou a protocolar um pedido nesse sentido, que dificilmente será atendido pela Secretaria de Educação. "A pronta reação de lideranças ligadas ao governo foi fruto de mal entendido", disse uma fonte da coluna.

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