Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
28 de Nov de 2002
O recém criado Conselho de Desenvolvimento Econômico de Roraima já tem pela frente um desafio para ninguém botar defeito. O Tribunal Superior de Justiça -STJ julgou improcedente um recurso impetrado pelo governo do Estado que pedia a anulação da portaria do ministro da Justiça, declarando de usufruto permanente e exclusivo dos índios a área da Raposa/Serra do Sol. O significado político e prático da decisão do STJ, tem largo alcance e muita confusão nos próximos meses.
Apoiados na portaria ministerial, cujos efeitos foram agora restaurados, os índios e as organizações que lhes dão apoio estarão mobilizados para dificultar a presença de não índios na área pretendida e já cogitam, inclusive proibir o transito de "civilizados" na região o que na prática significa isolar Normandia e Uiramutã, municípios cuja criação vem sendo questionadas por esses grupos. Sintomas deste clima prestes a ser criado, foi a nota distribuída à imprensa emitida ontem, pelo Conselho Indigenista Missionário, órgão ligado à igreja católica.
Outra frente de conflitos a ser aberta com a decisão do STJ diz respeito aos produtores de arroz irrigado, a principal frente moderna da agricultura estadual. Boa parte das propriedades onde se planta arroz irrigado fica na área pretendida e, mesmo antes da decisão do STJ, uma procuradora da República de Brasília já vinha acionando os produtores da justiça para força-los a abandonar a área. Agora a pressão vai aumentar.
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