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Para quer se tornar referencia nacional na producao de biodiesel

GM, Energia, p.A5
23 de Jun de 2004

Pará quer se tornar referência nacional na produção de biodiesel
O Pará quer ser referência nacional na área do biodiesel, principalmente a partir da utilização do óleo de palma (dendê), do qual o estado é o maior produtor do Brasil. Essa é a proposta do Programa Paraense de Incentivo à Produção de Biodiesel (Parábiodiesel), lançado ontem em Belém. Até o final do ano, o grupo paraense Agropalma vai inaugurar na capital do Pará a primeira planta industrial de processamento do combustível de dendê, com uma estimativa de produção de 8 milhões de litros anuais.
O biodiesel é um combustível renovável produzido a partir de óleos vegetais e álcool. Entre as suas vantagens em relação ao diesel produzido à base de petróleo estão a diminuição da emissão de gases tóxicos, a redução de gastos com importação e a capacidade de geração de empregos diretos em cadeia, tanto na indústria quanto nas áreas rurais.
O secretário estadual de Produção, Vilmos Grunwald, disse que o Pará tem uma área apta para o cultivo de dendê de cerca de 5 milhões de hectares. Se apenas 5% dessa área for utilizada - o equivalente a 250 mil hectares -, o estado poderá produzir em torno de 1 milhão de toneladas de biodiesel, envolvendo 25 mil famílias de produtores. E o dendê pode utilizar parte dos 20 milhões de hectares de área já alterada que o estado possui, sem a necessidade de novos desmatamentos. Com o biodiesel, ainda segundo Grunwald, o governo espera contribuir também para a oferta de energia elétrica às comunidades isoladas da margem esquerda do rio Amazonas e da ilha de Marajó, com a substituição do diesel de petróleo.
Programa nacional
O secretário de Política de Informática e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Francelino Grando, informou durante o lançamento do Parábiodiesel que em novembro será lançada a etapa do Programa Brasileiro do Biodiesel, que prevê o início da produção e comercialização do combustível em território nacional. Numa primeira etapa essa produção será para a mistura de 2% de biodiesel ao petrodiesel, devendo passar para 5% no próximo ano, para posteriormente chegar a até 20%. O biodiesel total se destinará a motores estacionários, para geração de energia e para abastecimento de frotas cativas de veículos, como as públicas e de ônibus urbanos.
Francisco Grando disse que o programa brasileiro será implantado de forma gradativa, com responsabilidade. "É preciso cuidado para não tirarmos alimentos das gôndolas dos supermercados, como os derivados da soja, para produzirmos combustível", afirmou. E acrescentou que se trata de um programa transformador para o País, com elevado grau de geração de emprego e renda, e que tem como objetivo maior a inclusão social.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, Fábio de Salles Meireles, fez uma detalhada exposição sobre o biodiesel no Brasil e os seus impactos sobre a agricultura. Entre as vantagens da adoção desse combustível, ele informou que cada 5% de biodiesel misturado ao diesel mineral garantirá uma economia de mais de US$ 350 milhões por ano com a redução de importações. Possibilitará também uma redução da emissão de gases e tem grande potencial de geração de postos de trabalho, tanto na agricultura como na indústria.
Fábio Meirelles mostrou que a produção e utilização do biodiesel estão sendo testadas em vários estados brasileiros. Em São Paulo, é a partir da soja, do amendoim, do girassol e de resíduos de frituras, tendo a participação de 19 indústrias, seis universidades, redes de lanchonetes e restaurantes universitários. No Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, a base é a mamona. Na Bahia, é a partir do dendê e de gorduras residuais. No Mato Grosso, é a soja. No Pará, a produção do biodiesel é a partir do dendê. E, no Paraná, de soja, girassol e nabo.
Em termos de impactos na agricultura, Meirelles disse que, com a simulação do impacto da adição de 2% do biodiesel de dendê ao diesel de petróleo consumido no Brasil, haveria uma demanda de matéria-prima de 1,2 milhão de toneladas de cana-de-açúcar e 2,9 milhões de dendê, com um acréscimo de área de 18 mil hectares de cana-de-açúcar e de 140 mil hectares de dendê, e sendo criados cerca de 1,5 mil postos de trabalho no campo para a cana e de 35 mil para o dendê. Com a adição de 5%, só com o dendê seriam 7,3 milhões de toneladas, 351 mil hectares e 87 mil novos postos de trabalho no campo.

kicker: O uso do biocombustível vai possibilitar a redução da emissão de gases poluentes

GM, 23/06/2004, p. A5

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