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Para paulistanos, mais educação traria bem-estar

OESP, Metrópolis, p. C12
18 de Nov de 2009

Para paulistanos, mais educação traria bem-estar
Problemas no trânsito estão apenas em 17o lugar entre as preocupações

Naiana Oscar

O que é importante para a sua qualidade de vida e para o seu bem-estar na cidade? O Movimento Nossa São Paulo fez essa pergunta a 32 mil paulistanos, entre junho e setembro deste ano. No topo da lista está a preocupação com educação. O trânsito, que costuma ganhar destaque nos bate-papos informais sobre os maiores problemas da cidade, ficou em 17o lugar.

Os dados chamaram a atenção dos organizadores da pesquisa, num momento em que a capital recebe investimentos pesados para reduzir o congestionamento, com a criação de uma terceira pista na Marginal do Tietê, Rodoanel e expansão das linhas de Metrô. "Será que estamos no caminho certo? A pesquisa nos aponta uma nova direção", disse o idealizador do Movimento, Oded Grajew.

Os dados foram divulgados ontem e serão encaminhados ao poder público. O levantamento é inédito e se propõe a criar um indicador que possa "medir" a qualidade de vida na cidade. Os apontamentos feitos pela população servirão de base para novas pesquisas, que devem avaliar os serviços públicos.

Além de adultos, crianças e adolescentes de escolas públicas com idade entre 10 e 15 anos também foram ouvidos. O estudante Michel Ribeiro dos Santos, de 16 anos, aluno de uma escola estadual, é um crítico do poder público e mesmo sem ser especialista dá alguns palpites. "Sem educação, as pessoas não conseguem conviver. Se a gente não aprende o mundo não anda, a cidade não anda."

Cerca de 50% dos entrevistados demonstraram preocupação com a qualificação dos professores. E outros 40% com a falta de vagas em creches e escolas perto de casa. Mas, embora essas sejam consideradas prioridade entre os paulistanos, a professora Maria Ângela Barbato Carneiro, da Faculdade de Educação da USP, diz que são metas distantes, a ser alcançadas. "Estamos caminhando para o sentido contrário, e daqui um tempo ninguém mais vai querer ser professor."

Considerando os interesses políticos, ela vê com pessimismo a possibilidade de se investir mais no que foi considerado essencial para melhorar a qualidade de vida. "Educação é como esgoto. Ninguém vê. Construir estrada dá visibilidade."

MOBILIDADE

Mesmo sem considerar a mobilidade um fator primordial para melhorar a qualidade de vida em São Paulo, os entrevistados também tiveram a oportunidade de indicar o que desejam para o trânsito e o transporte. Mais da metade pede a expansão da linhas do Metrô.

Para o presidente da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), Ailton Brasiliense, o resultado não demonstra apenas que os paulistanos querem mais trens. "É a necessidade de expandir essa filosofia de transporte", afirma. Segundo ele, o dado indica que a população quer encontrar na rua, o que já tem nas estações, como pontualidade e segurança.

Atrás de educação (58,89%) vieram saúde (56,30%), ambiente (49,54%), segurança (48,11%), trabalho (41,62%). Mobilidade recebeu 17,71%.

Frases

Maria Ângela Barbato Carneiro
Professora da Faculdade de Educação da USP
"Estamos caminhando para o sentido contrário, e daqui um tempo
ninguém mais vai querer ser professor"
"Educação é como esgoto. Ninguém vê. Construir estrada dá visibilidade"

OESP, 18/11/2009, Metrópolis, p. C12

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