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Autor: Sandra Tavares
28 de Abr de 2015
Dia da Caatinga é celebrado hoje e ICMBio mostra resultados em duas UCs
Um bioma 100% brasileiro. Esta é a marca da Caatinga, ou mata branca segundo os tupis-guaranis. Ela não existe em nenhum outro lugar do mundo, apenas no Brasil. Seus 850 mil km² representam cerca de 10% do território nacional, englobando os estados da Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia (região Nordeste do Brasil) e parte do norte de Minas Gerais (região Sudeste do Brasil).
Celebrado dia 28 de abril - o Dia da Caatinga - nos convida a uma reflexão acerca de um dos mais fragilizados biomas brasileiros. Rico em termos de biodiversidade, a ação humana já alterou 80% de sua cobertura original, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida.
A pressão sobre o bioma caatinga não é diferente da existente sobre os demais biomas brasileiros. Tanto que 46% de sua vegetação original já foi desmatada. Entre os vilões estão a expansão agrícola e a produção de lenha com suas árvores. O uso inadequado e intensivo dos solos tem gerado o processo de desertificação, muito em virtude da produção agrícola em grandes áreas.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), nesse contexto, tem buscado criar e implementar Unidades de Conservação (UCs) federais no bioma. Tanto que sob sua gestão existem atualmente 25 UCs, que juntas representam mais de 82 milhões de hectares em áreas protegidas (82.652.444,73).
Sete Cidades fazendo a diferença
Uma das Unidades de Conservação federais que o ICMBio administra no bioma Caatinga é o Parque Nacional de Sete Cidades (PI), que este ano completa 54 anos de existência. A existência do Parque é de extrema importância para a conservação da fauna e flora típicas da Caatinga existente nessa região. O parque conta com 10 servidores com mais de 25 anos de trabalho atuando somente no Parque.
"Construímos um bom relacionamento com o entorno e região. E podemos afirmar que a legislação ambiental vem sendo respeitada mais ao longo dos anos por aqui", frisou a chefe do parque que está a um ano na gestão na UC, Elisabete Hulgado.
Segundo ela a UC não sofre muitas pressões externas relacionadas a licenciamentos de empreendimentos. "Nosso entorno é composto por muitos assentamentos de comunidades que levam uma vida simples, com produção rural voltada para a subsistência", explica ela.
Como o desmatamento em áreas do entorno acontece, espécies que antes eram avistadas em outras áreas agora ocorrem somente dentro da UC e entorno bem próximo. Isso porque dentro do Parque há garantia de água e clima mais ameno.
Pesquisas vem sendo desenvolvidas dentro de Sete Cidades voltadas à diversidade das características relevantes da natureza geológica, arqueológica e cultural do Parque, o que tem favorecido um maior entrosamento entre o meio acadêmico e a população local, no que se refere à produção de conhecimentos focados na preservação do bioma.
Segundo Hulgado, a diversidade de entidades representadas no conselho consultivo do Parque traz as demandas dos comunitários. Tais reuniões acontecem nas próprias associações, com representatividade tanto no nível das entidades nos municípios circunvizinhos ao Parque quanto de diferentes segmentos como educação, saúde, segurança e meio ambiente.
"Nossas ações para o fortalecimento na interação com as comunidades do entorno, minimizando os conflitos gerados com os comunitários e a unidade, são sempre presentes. Tais ações integradas são maneiras de se garantir a participação da sociedade no processo de gestão da UC", reitera a chefe do Parque.
Raso da Catarina e avanços na gestão
Para o chefe da Estação Ecológica (Esec) Raso da Catarina (BA), José Tiago Santos, a Unidade de Conservação protege uma área significativamente conservada do bioma Caatinga. Em sua área podem ser encontradas espécies ameaçadas: arara-azul-de-lear, tatu-bola, onça-parda, jacú e gato-do-mato além de outras espécies como: caitiu, tamanduá de colete ou mirim, veado catingueiro, papa-mel e outros animais silvestres. "É uma área núcleo da Reserva da Biosfera da Caatinga e está inserida no Corredor Ecológico da Caatinga".
Mesmo em meio a pressões relacionadas à caça, captura de animais silvestres e presença de gado, a Esec Raso da Catarina prima, buscando a conservação da Caatinga, atuar seguindo um modelo de gestão mais voltado para as comunidades do entorno. "Somente dessa forma a Estação Ecológica se torna um núcleo de conservação, ao promover ou catalisar ações de proteção, educação ambiental e pesquisa junto às comunidades", destaca Tiago.
Mesmo tendo dificuldades na gestão, principalmente as relacionadas a recursos humanos, o chefe da Esec destaca que estão na fase de implementação do conselho consultivo da UC, que ampliará a possibilidade de participação e melhorará o apoio a gestão. "A participação em eventos como Ciclo de gestão participativa, ciclo de educação ambiental e Ciclo de gestão para resultados vem qualificando os servidores para adaptar e otimizar a gestão. A parceria entre a Estação Ecológica e o Monumento Natural (Mona) Rio São Francisco também vem fortalecendo a gestão e amenizando a carência de pessoal", explica o chefe da Esec Raso da Catarina.
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