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Para embaixadores, visita à Amazônia é oportunidade de ver ação contra desmatamento

Valor Economico - https://valor.globo.com/politica/noticia
Autor: CHIARETTI, Daniela
30 de Out de 2020

Para embaixadores, visita à Amazônia é oportunidade de ver ação contra desmatamento Viagem foi anunciada pelo vice Hamilton Mourão após cobranças de países europeus

Por Daniela Chiaretti, Valor - São Paulo

Há grande expectativa dos embaixadores estrangeiros convidados a sobrevoar a Amazônia na semana que vem. Eles querem ver se o país está implementando o que prevê o Código Florestal e exercendo sua soberania na região, combatendo as ilegalidades. Eles esperam que seja uma oportunidade para ampliar o diálogo com o governo brasileiro em temas como sustentabilidade, desmatamento ilegal, agricultura, bioeconomia, clima e povos indígenas.
A viagem foi anunciada pelo vice-presidente Hamilton Mourão depois de receber uma carta de oito países europeus dizendo que a alta do desmatamento pode dificultar negócios com o Brasil.
Mourão e o Conselho Nacional da Amazônia Legal, comandado por ele, têm sido vistos como um canal novo para os governos estrangeiros falarem sobre o tema com o governo Bolsonaro. Os embaixadores estão interessados em ouvir as visões do governo brasileiro e cooperar em temas delicados como o desmatamento da Amazônia e os direitos dos povos indígenas. Querem, contudo, ter respostas do governo brasileiro sobre os níveis de alta no desmatamento e as denúncias de desrespeito aos direitos humanos e falta de amparo na pandemia. Uma das condições dos embaixadores foi seguir protocolos rígidos que evitem qualquer contágio em um momento em que há nova alta de casos de covid-19 no Amazonas. A pandemia é um dos motivos pela qual a Noruega, o maior doador do Fundo Amazônia, pode não enviar representantes à viagem.
Há pressão, principalmente na Europa, da população e dos partidos políticos, para que não se comprem produtos relacionados ao desmatamento. O Acordo EU-Mercosul corre risco de não ser ratificado nos Estados-membros europeus pelo mau desempenho do governo brasileiro no combate ao desmatamento e às queimadas na Amazônia e no Pantanal. Devem ir à Amazônia os embaixadores da África do Sul, Alemanha, Canadá, Colômbia, Espanha, França, Peru, Portugal, Reino Unido, Suécia, União Europeia e representante da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Do lado brasileiro estão previstos os ministros Tereza Cristina, da Agricultura; Ricardo Salles, do Meio Ambiente; Ernesto Araújo, das Relações Exteriores; Eduardo Pazuello, da Saúde; e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Os governos estrangeiros também têm se reunido com representantes de ONGs ambientalistas e lideranças indígenas para entender melhor as ameaças na região e como as populações vêm atravessando os meses de pandemia. Também haverá encontros dos embaixadores fora do cronograma oficial durante a viagem para ouvir outras perspectivas além da do governo. A viagem deve começar terça-feira, dia das eleições presidenciais americanas, e terminar na sexta-feira. O roteiro será Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Maturacá, no Amazonas.
Estão previstas visitas ao Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), do Ministério da Defesa, em Manaus e ao laboratório modelo de investigação de crime ambiental, da Polícia Federal. Em São Gabriel da Cachoeira (AM), município mais indígena do Brasil e que sofreu muitas perdas na pandemia, haverá uma visita à Casa de Apoio à Saúde Indígena da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). A viagem acontece no dia seguinte à reunião trimestral do Conselho Nacional da Amazônia Legal e à discussão do plano estratégico de ações do conselho. Em comunicado à imprensa, a vice-presidência diz que "a iniciativa tem por objetivo mostrar à comunidade nacional e internacional que a Amazônia brasileira continua preservada e que sua complexidade ambiental e humana não permite um entendimento genérico da região".

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