VOLTAR

Pará desbanca Minas Gerais

O Paraense-Belém-PA
Autor: Ronaldo Brasiliense
30 de Out de 2001

Investimentos da Vale no Projeto Sossego, em Canaã dos Carajás, tornarão o Estado líder na produção mineral brasileira

Com investimentos de R$ 985 milhões nas instalações, infraestrutura de apoio e terminal ferroviário, o Projeto Sossego, em Canaã dos Carajás, no Sudoeste do Pará, para a produção de concentrado de cobre, vai tornar o Pará no Estado número 1 na produção mineral brasileira, desbancando a liderança que Minas Gerais vem mantendo desde a descoberta do Brasil pelo navegador português Pedro Álvares Cabral, há mais de 500 anos.
O Estado do Pará, graças à Província Mineral de Carajás - uma das maiores do planeta - passa a ser o maior produtor nacional de minério de ferro, ouro, cobre, bauxita (o minério básico da indústria do alumínio), caulim (mineral básico na indústria de celulose), manganês, além de ter gigantescas reservas de pedras preciosas, titânio, fosfato e calcário, entre outros minérios.
O Projeto Sossego vai produzir cobre metálico em forma de concentrado, destinando sua produção basicamente à exportação. A Mineração Serra Sossego S/A (MSS) é uma empresa brasileira, sociedade formada entre a Companhia Vale do Rio Doce, através da Mineração Andirá (50%), e a Phelps Dodge Corporation Exploration (PD), que atua no projeto via Phelps Dodge do Brasil Mineração (50%). A empresa possui cinco concessões de pesquisa mineral, numa área de 25 mil hectares, que incluem os depósitos de Sossego e Sequeirinho, focos do projeto.
Reserva de valor - Os executivos da Vale do Rio Doce não abrem mão de iniciar o Projeto Sossego o mais rapidamente possível, mesmo no caso de a Phelps Dodge desistir de investir em Canaã dos Carajás, como chegou a ser especulado. A Phelps, segundo analistas, estaria trabalhando para que o projeto tivesse seu início adiado à espera que os preços do concentrado de cobre aumentassem no mercado internacional. Na prática, utilizaria as reservas de cobre da mina do Sossego como reserva de valor. A Vale, ao contrário, defende que o projeto comece já.
"Como paraense, estou torcendo para que o projeto seja implantado o mais rápido possível", afirma o geólogo Sebastião Pereira da Silva, diretor geral do 5o Distrito do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), que já deu sinal verde para que o Projeto Sossego seja deslanchado. "A concessão de lavra será assinada no Ministério das Minas e Energia em Brasília", acrescenta Pereira da Silva, revelando que a documentação apresentada pelos sócios do projeto foi aprovada em Belém, mas ainda está sob análise da direção do DNPM na capital da República.
A vida útil da mina será de 13 anos, mas existem reservas na base da cava com potencial para, pelo menos, mais três anos de produção. O aproveitamento de minérios existentes em depósitos adjacentes - Serra Dourada e Alvo 118 - também poderá prolongar ainda mais a vida do empreendimento.
No período de construção do projeto será feito o decapeamento de 12,8 milhões de toneladas de solo e rocha para expor o minério necessário ao início das operações. Parte deste material será utilizado nas obras civis e na barragem de rejeitos do projeto.
Ouro - O projeto tem reservas lavráveis de 190 milhões de toneladas, com 1% de teor médio de cobre no minério, além de 0,29 grama por tonelada de ouro, como subproduto do cobre.
A capacidade de beneficiamento será de 41 mil toneladas/dia, enquanto a produção média de cobre metálico prevista é de 139 mil toneladas/ano.
A Mineração Serra do Sossego vai implantar uma grande infra-estrutura na micro-região de Canaã dos Carajás e Parauapebas, incluindo uma linha de transmissão de 230 Kv, com 85 quilômetros de extensão, 102 quilômetros de rodovia pavimentada entre a área do Projeto Sossego- Canaã dos Carajás e Parauapebas, além da construção de moradias para os empregados e sistemas de comunicação. O Projeto Sossego será implantado sem destruição da floresta tropical úmida nativa, uma vez que toda a região a ser lavrada está quase que totalmente desmatada e coberta por pastagens.
O empreendimento contempla uma lavra a céu aberto e concentração de 15 milhões de toneladas/ano de minério para produzir, em média, 462 mil toneladas/ano de concentrado, contendo 139 mil toneladas de cobre e 3,5 toneladas de ouro. O concentrado será transportado por caminhões até o terminal ferroviário de Parauapebas, onde será carregado em vagões ferroviários para envio ao Porto de Itaqui, em São Luís, Maranhão, para embarque marítimo com destino ao exterior.
A área do Projeto Sossego, em Canaã dos Carajás, caracteriza-se por duas estações distintas: uma estação seca, de maio a outubro, e outra úmida, de novembro a abril. As chuvas ocorrem durante todo o ano, mas aproximadamente 80% delas caem nos seis meses da estação úmida, e perto de 50% entre os meses de janeiro a março.
Geologia e reservas - Localizado na Província Mineral de Carajás, onde existem duas faixas com depósitos de cobre, o Projeto Sossego será o primeiro a ser implantado na região. Na mesma região de Carajás a Vale do Rio Doce já detectou ocorrência de cobre nos depósitos do Salobo, Gameleira e Pojuca, na denominada faixa norte, enquanto na faixa sul, denominada Cinturão de Cobre Sul, estão localizados os depósitos do Alvo 118, Sequeirinho, Sossego, Serra Dourada e Cristalino.
"O conhecimento sobre os depósitos minerais do Projeto Sossego é proveniente de várias etapas de mapeamento geológico, levantamentos geofísicos, prospecção geoquímica e, principalmente, de campanhas de sondagem", afirma um geólogo da Rio Doce Mineração e Geologia (Docegeo), braço da Vale para o setor de pesquisas, que trabalha na região há mais de uma década. Os trabalhos de sondagem iniciaram-se em 1997, quando o primeiro fundo de sonda atravessou minério rico. Atualmente o Projeto Sossego conta com aproximadamente 400 furos de sonda, que totalizam 150 mil metros de testemunhos de sondagem.
Depósitos - Os trabalhos realizados pela Mineração Serra do Sossego resultaram na descoberta de pelo menos sete depósitos, sendo os principais os de Sequeirinho e Sossego. O depósito de Sequeirinho perfaz 70% dos recursos geológicos e é uma zona mineralizada contínua, com forma alongada de aproximadamente 2 quilômetros de comprimento, com espessuras variando entre 25 e 300 metros. Sossego contribui com 30% dos recursos e possui uma forma circular, com cerca de 600 metros de diâmetro. Os recursos geológicos de Sequeirinho e Sossego são de 424 milhões de toneladas com 0,97% de cobre e 0,27 gramas por tonelada de ouro. Os outros depósitos descobertos, menores e menos estudados, também são chamados de "satélites". Têm um bom potencial para, no futuro, produzir minério para alimentar a usina.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.