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Pará de Minas decreta situação de emergência por causa da lama

OESP, Metrópole, p. A15
06 de Fev de 2019

Pará de Minas decreta situação de emergência por lama no Rio Paraopeba
Rejeito avança pelo rio e chega à cidade, que fica sem água; membranas instaladas pela Vale não conseguem conter todo o material, alerta ONG

O avanço da lama da Vale pelo Rio Paraopeba fez a cidade de Pará de Minas decretar situação de emergência nesta terça-feira, 5. O Paraopeba, que é a principal fonte de captação de água da cidade, foi atingido pela onda de rejeitos após o rompimento da barragem da empresa no último dia 25. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o rio já foi tomado pelos rejeitos em cerca de 120 km de sua extensão a partir do ponto de encontro da lama com o rio.

O prefeito Elias Diniz explicou no decreto que o rio tinha se tornado fundamental para o abastecimento da cidade, de cem mil habitantes, depois da crise hídrica que afetou a região entre 2013 e 2016. "Foi a única alternativa encontrada para colocar fim à situação calamitosa vivenciada pela população", disse, complementando que desde então o município não conta com outras fontes de recursos hídricos para garantir o abastecimento regular.

Ele enumera também os riscos à saúde humana e para as criações de animais e cultivos agrícolas da cidade como motivos para o decreto. Com a decisão, ficam autorizados processos de desapropriação de propriedades localizadas em áreas de risco. A prefeitura de Pará de Minas foi procurada para informar quantos imóveis poderiam ser afetados, mas não retornou até o fechamento desta edição.

Contenção
A Vale informou que instalou nesta terça a terceira membrana de contenção de rejeitos no Paraopeba para proteger o sistema de captação de água da cidade, mas uma análise feita na segunda-feira, 4, por equipe da Fundação SOS Mata Atlântica apontou que ao menos até a segunda membrana o sistema não estava sendo muito efetivo.

O grupo, que está monitorando o rio de modo independente desde o local onde ele foi atingido pela onda de rejeitos, analisa em amostras d'água características como turbidez e oxigenação e vem observando que o rio está morrendo aos poucos, conforme a lama avança. Para avaliar a efetividade das membranas, fez coletas em um ponto anterior às barreiras e em um posterior. Os indicadores mostraram que as membranas estão tirando aproximadamente 50% do volume de rejeito. Questionado sobre essa era a contenção esperada, a Vale não se manifestou até o fechamento desta edição.

As chuvas que atingiram a região de Brumadinho, onde ficava a barragem da Vale, na segunda-feira, diluíram os rejeitos, fazendo a lama avançar mais rapidamente pelo curso do rio, que deságua no Rio São Francisco. "Se as chuvas persistirem a tendência é que ocorra a elevação da vazão, consequentemente o aumento da capacidade de transporte de sedimentos e aumento dos valores de turbidez", informam o Serviço Geológico do Brasil e a ANA, no boletim divulgado diariamente sobre a situação do rio.

OESP, 06/02/2019, Metrópole, p. A15.

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