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Países ricos decidem banir uso de petróleo, gás natural e carvão até 2100

OESP, Metrópole, p. A10
09 de Jun de 2015

Países ricos decidem banir uso de petróleo, gás natural e carvão até 2100
O G-7 vê necessidade de fazer 'cortes importantes' nas emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura média da Terra em 2oC; meta para 2050 é obter uma redução de 40% a 70%

Andrei Netto

PARIS - Os líderes políticos do G-7, cúpula dos chefes de Estado e de governo de Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália, anunciaram ontem, na cidade alemã de Elmau, a intenção de banir os combustíveis fósseis de seus países até 2100. A medida é divulgada a seis meses da 21.ª Conferência do Clima (COP 21), que acontecerá em Paris, e deve resultar em um novo acordo climático para conter o aquecimento global.
O acordo foi anunciado em comunicado emitido pelo G-7 no fim da tarde desta segunda. O texto ressalta a necessidade de fazer "cortes importantes" nas emissões de gases de efeito estufa - em especial o dióxido de carbono -, com o objetivo de limitar o aumento da temperatura média da Terra em 2oC até o fim do século, como alerta o Painel Intergovernamental do Clima das Nações Unidas (IPCC).
Para tanto, os líderes do G-7 assumiram o compromisso de livrar seus países dos combustíveis fósseis, a principal fonte de emissão de CO2 até 2100. Os objetivos fixados são de reduzir as emissões em 40% a 70% em 2050, com base no total emitido em 2010. "Isso deve beneficiar todos os países com uma trajetória de desenvolvimento resiliente e sóbria em carbono, compatível com o objetivo geral de manter a alta da temperatura média no mundo abaixo de 2oC", afirmaram os líderes.

Compromisso. De acordo com o consenso da comunidade científica e o IPCC, o objetivo de limitar o aquecimento global passa pelo abandono dos combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão, que são hoje as grandes matrizes energéticas do mundo. "Nós nos comprometemos a fazer a nossa parte para obter uma economia sem carbono em longo prazo, incluindo o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que contribuam para a transformação dos setores energéticos em 2050."
O compromisso final foi "resultado de negociações difíceis", afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel. Os quatro países europeus do G-7 defendiam uma formulação de texto até mais veemente e ambiciosa - recentemente, foram os primeiros, via União Europeia, a propor metas de redução dos gases de efeito estufa. Mas encontraram oposição do Canadá e sobretudo do Japão, cuja indústria energética ainda tem grande base em carbono.

US$ 100 bilhões. Além da reconversão da matriz energética, os líderes do G-7 confirmaram a disposição de investir até US$ 100 bilhões até 2020 na luta contra as consequências das mudanças climáticas - um dos compromissos na mesa de negociações para um acordo do clima na COP-21. O compromisso para o financiamento foi firmado em 2009, na 15.ª Conferência do Clima, em Copenhague, na Dinamarca. "Este acordo deve melhorar a transparência e a responsabilidade, com regras obrigatórias para assegurar o acompanhamento dos progressos em matéria de realização de objetivos, o que favoreceria um nível maior de ambições com o passar do tempo", diz o comunicado.
Anfitrião da COP-21, o presidente da França, François Hollande, lembrou que a redução acertada pelo G-7 deve se dar "no quadro de uma resposta mundial", a ser negociada até a Conferência do Clima, que terá início no fim de novembro, em Le Bourget, nos arredores de Paris. "Os engajamentos são ambiciosos e realistas", afirmou o chefe de Estado francês. / Com agências Internacionais

Maioria dos ativistas vê um 'marco histórico'

Fábio de Castro

A proposta do G-7 para "descarbonizar" a economia até 2050 teve a aprovação da maioria dos ativistas ambientais. Entidades como Greenpeace e European Climate Foundation (ECF) consideraram o entendimento um avanço. "Trata-se de marco importante na rota para um novo acordo climático em Paris", saudou a ECF. Para o coletivo European Climate, trata-se de "declaração histórica que anuncia o fim da era da energia fóssil".
A reportagem é de Fábio de Castro, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 09-06-2015.
Jennifer Morgan, responsável pelas questões climáticas no World Resources Institute, destacou que, "pela primeira vez, os dirigentes do G-7 aprovam o objetivo de descarbonizar a economia".
André Nahur, coordenador de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, afirmou que a declaração do G-7 tem um peso político importante. "A proposta de 'descarbonização' trouxe vários sinais positivos. O Fundo Soberano Norueguês anunciou que vai começar a descarbonização de seus investimentos. Grandes empresas petroleiras, como a Shell, assumiram compromissos sobre mudanças climáticas e anunciaram que apoiam a precificação dos créditos de carbono no contexto internacional", destacou.
Para Christoph Bals, diretor de políticas da ONG Germanwatch, o G-7 colocou firmemente o fim da era dos combustíveis fósseis na agenda política global. "Todos os países se comprometeram com a transição para uma economia de baixo carbono e com o apoio à implementação das energias renováveis nos países em desenvolvimento. Com isso, a cúpula do G-7 envia um sinal forte para o sucesso do acordo climático que deve ser feito em Paris no fim deste ano", afirmou.

Críticos
Já a Oxfam foi mais cética. "Os dirigentes do G-7 fizeram tímidos progressos", afirmou Nicolas Vercken, diretor da Oxfam France. "Não está à altura dos engajamentos em redução de emissões de gases que são esperados."

OESP, 09/06/2015, Metrópole, p. A10

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