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Países na mira do avanço das ondas pedem pressa em Bali

O Globo, Ciência, p. 42
07 de Dez de 2007

Países na mira do avanço das ondas pedem pressa em Bali
Habitantes de ilhas-Estado já se preparam para fugir de casa

As cerca de duas mil pessoas que habitam o pequeno Atol de Carterets, parte da província de Bouganville, em Papua Nova Guiné, vão, em 2008, engrossar um grupo de vítimas do aquecimento global que não tem parado de crescer nos últimos anos e que, de acordo com a ONU, já soma 20 milhões de pessoas em todo o mundo: o dos refugiados ambientais.
A situação está tão grave que um dos grupos mais ativos nos debates da 13.ª Conferência da Convenção de Mudança Climática das Nações Unidas é justamente o dos representantes dos pequenos países insulares, que querem a criação de um fundo para ajudar no reassentamento das populações das ilhas tragadas pelo oceano. E mais: segundo representantes das delegações das Maldivas e de Tuvalu, uma elevação da temperatura média da Terra em 2 graus Celsius, considerada inevitável pelos cientistas, é para eles uma sentença de morte. Esse aumento pode ser tolerado por outros países, mas causará desastres em ilhas que já são vulneráveis.
Onze mil pessoas se preparam para deixar Tuvalu
Veja-se o exemplo de Carterets: há duas décadas, o atol vem sendo engolido pelo aumento no nível do oceano - resultado da expansão térmica da água causada pela elevação da temperatura -, mas a situação dos habitantes das ilhas ficou tão grave nos últimos anos que eles serão removidos para a ilha de Bouganville, a 90 quilômetros dali.
A situação não é melhor em Tuvalu. Lá o governo finaliza um projeto de evacuação da população de cerca de 11 mil pessoas. 0 projeto teve o apoio inicial da Nova Zelândia.
- Todo o esforço de adaptação feito nas pequenas ilhas-Estado é
uma solução temporária - afirma David MacCauley, economista sênior de meio ambiente do Asian Development Bank, que ajuda a gerenciar a aplicação de US$ 100 milhões em ajuda através do chamado GEF (Global Environment Facility, organização financeira independente que dá garantias a projetos de desenvolvimento sustentável e meio ambiente). - A solução, para estas pequenas nações, é mesmo o resfriamento do planeta.
Opinião semelhante tem a conselheira de clima das ilhas Fiji para o Greenpeace, Arieta Moceica.
- A briga pelo combate ao aquecimento é extremamente importante para as pequenas ilhas-Estado porque ninguém quer ser um refugiado e ter que abandonar sua história, sua raízes, sua cultura - diz a especialista. - Para estes países, a recusa de os países ricos em aceitar metas de redução de emissões de C02 até 2020 representa uma sentença de morte.
0 Pacífico possui cerca de 15 ilhas-Estado que, por sua vez, são compostas de cerca de 30 territórios autônomos com uma população de mais de 8 milhões de pessoas. Em muitas dessas ilhas, as áreas mais altas estão a apenas quatro metros de altura em relação ao nível do mar.
Os maiores problemas enfrentados por estas ilhas, diz David MacCauley, são a erosão da linha costeira associada ao avanço das águas e o aumento da incidência e intensidade de desastres naturais, como secas e tufões. Países insulares do Índico, como as Maldivas, também estão ameaçados. Eles sofrem ainda conseqüências da grande tsunami de 2004, que comprometeu sua infra-estrutura. (G.S.J.)

O Globo, 07/12/2007, Ciência, p. 42

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